Congresso pode decidir pela suspensão do repasse de recusos para obras irregulares

Da Redação | 26/11/2014, 14h25

Responsáveis por obras que tiveram indícios de irregularidades graves apontados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) apresentaram nesta quarta-feira (26), ao Comitê de Obras Irregulares (COI) da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), justificativas para as falhas e providências que já foram ou serão adotadas.

O TCU incluiu entre as obras que poderão ficar sem recursos no Orçamento de 2015 por apresentarem indícios de irregularidades graves: a construção de uma Vila Olímpica em Parnaíba (PI); a implantação e pavimentação em trechos da BR-448 (RS); a construção do Complexo Materno em Teresina (PI); e o controle de inundações, urbanização e recuperação ambiental das bacias dos rios Iguaçu, Botas e Sarapuí, na Baixada Fluminense (RJ). As obras constam do Projeto de Lei Orçamentária de 2015 (PLN 13/2014), em tramitação no Congresso Nacional.

O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) que emitirá o parecer sobre a avaliação do tribunal, disse que as dúvidas foram esclarecidas, mas informou que não tem como adiantar o relatório. Conforme previsto na legislação orçamentária em vigor, cabe ao Congresso aprovar ou não as indicações de suspensão feitas pelo TCU. Por isso, senadores e deputados da CMO terão que se manifestar sobre o bloqueio ou desbloqueio de contratos, convênios, etapas, parcelas ou subtrechos relativos aos empreendimentos que sofreram questionamentos.

Vila Olímpica

O secretário de fiscalização de infraestrutura do Tribunal de Contas da União (TCU), José Ulisses Vasconcelos, afirmou que a obra de construção de uma Vila Olímpica em Parnaíba (PI) foi reavaliada e o tribunal decidiu manter a indicação de suspensão de recursos para o empreendimento no orçamento de 2015.

Segundo ele, existem dúvidas se o valor estimado da obra, de R$ 16,5 milhões, será suficiente para a construção dado que a obra ficou paralisada e existem várias erosões no terreno. Também não estaria claro como seriam ressarcidos R$ 1,4 milhão gastos na construção de um estádio de futebol na vila olímpica, que acabou excluído do projeto mais tarde.

O representante do ministério do Esporte, Emmanuel Braz, disse que a obra é importante para a região e que no entorno existem sete empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida que não têm equipamentos esportivos previstos.

Baixada Fluminense

O representante do Ministério das Cidades, Manoel Renato Filho, disse que o governo do Rio de Janeiro decidiu cancelar a concorrência prevista para obras de drenagem na Baixada Fluminense. Segundo ele, o governo do Rio reconheceu que existe uma falha legal porque o anuncio da concorrência ocorreu antes da aprovação do projeto.

O representante do TCU, Rafael Jardim, disse que o tribunal deverá reavaliar o caso após essa decisão, mas explicou que o projeto básico também tem quer ser reformulado porque, como ele está hoje "gera incerteza quanto ao custo da obra e sobre como os serviços de drenagem serão medidos para serem pagos".

A obra deve controlar inundações e promover urbanização com recuperação ambiental das bacias dos rios Iguaçu, Botas e Sarapuí.

BR 448

Em relação à obra da BR 448, no Rio Grande do Sul, o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Guilherme de Melo, lembrou que a obra já está 100% executada e foi inaugurada em dezembro de 2013. As divergências estão relacionadas à forma de medir os serviços que foram feitos. A obra custou R$ 1,2 bilhão aos cofre públicos e a estimativa é que o sobrepreço chegue a R$ 90 milhões.

Materno Infantil

No caso do Complexo Materno Infantil de Teresina (PI), o representante do TCU, José Ulisses Vasconcelos, informou que já foram repassados R$ 51,4 milhões para a obra, mas foi identificado que o preço cobrado pelo metro quadrado seria 50% superior à media cobrada em obras da mesma natureza.

Segundo ele, a Secretaria de Saúde do Piauí já admitiu o erro e estaria disposta a anular o contrato, o que ainda não foi formalizado.

Da Agência Câmara

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)