Jovens e negros são maiores vítimas da violência no Mato Grosso, afirma Lídice da Mata

Da Redação | 27/11/2015, 13h42

A CPI do Assassinato de Jovens realizou nesta sexta-feira (27) audiência pública na Assembleia Legislativa de Mato Grosso para discutir a violência no estado.

Na abertura do encontro com autoridades locais e especialistas no assunto, a presidente da comissão, senadora Lídice da Mata (PSB-BA), lembrou que as estatísticas do Mato Grosso indicam que, nos últimos dez anos, houve 8,6% de aumento no índice de mortes por arma de fogo. Segundo ela, o estado não está entre os mais violentos, mas segue a média nacional no que diz respeito às maiores vítimas: negros e pobres das periferias das grandes cidades.

É necessário acender a luz vermelha. Temos um governador que veio do Ministério Público e conhece os instrumentos jurídicos para que possamos ter uma política pública voltada para a solução desses casos — afirmou, referindo-se ao ex-senador e atual governador Pedro Taques.

A senadora ressaltou também que houve 56 mil assassinatos em 2013 no Brasil, dos quais 33 mil são de jovens negros de periferia.

— Estamos falando de uma parcela maior do que países em guerra. Perdemos mais gente do que os EUA em toda a guerra do Vietnã. O Brasil ainda não acordou para essa realidade. Somos um país violento que vive praticamente uma guerra civil nas grandes cidades — afirmou.

De acordo com o secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Mauro Zaque, o setor viveu um vácuo de investimentos por mais de 15 anos e o atual governo vem investindo em reforços de efetivos policiais e na mudança de infraestrutura e logística.

— Em 2015, o número de homicídios de jovens em Mato Grosso sofreu uma queda de 20% em comparação ao ano passado. A segurança não é questão apenas de policia, mas está ligada à interdisciplinaridade, ou seja, várias áreas do estado atendendo ao mesmo tempo  — explicou Zaque.

Educação

O senador José Medeiros (PPS-MT) lembrou que a taxa de morte entre a população jovem por arma de fogo em Mato Grosso aumentou 11,4%. Mas o dado mais preocupante é o de homicídios entre os negros, que  está em 81% maior que a taxa da população branca. Para ele, a impunidade é outro problema, e a CPI pode colaborar para satisfazer os anseios sociais.

— Um dos pontos propostos pela CPI é colocar todos esses problemas na mesa para que seja possível fazer com que as políticas publicas tenham mais efetividade — disse.

A CPI do Assassinato de Jovens tem feito uma série de reuniões fora do Sendo e já esteve em Manaus, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Natal e agora Cuiabá. Já foram ouvidos mais de 100 especialistas, pesquisadores, representantes de organizações governamentais e não governamentais e familiares de vítimas.

A comissão, que iniciou suas atividades em junho, tem como vice-presidente o senador Paulo Paim (PT-RS) e como relator o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). O colegiado tem até 14 de março de 2016 para concluir seus trabalhos.

Com informações da Secretaria de Comunicação Social da Assembleia Legislativa do estado de Mato Grosso

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)