Corrupção presente na Fifa nasceu no Brasil, diz Jennings
Sergio Vieira | 03/09/2015, 12h36
A CPI do Futebol está ouvindo hoje (3) o jornalista escocês Andrew Jennings, da BBC de Londres. Ele é o autor dos livros que serviram de base para as investigações do FBI - a polícia federal norte-americana - que levaram este ano diversos dirigentes do futebol mundial à prisão, entre eles o ex-presidente da CBF, Jose Maria Marin.
Em seu depoimento, Jennings afirmou que a Polícia Federal e o Ministério Público brasileiro deveriam estar mais envolvidos em investigar a corrupção no futebol. Ele defendeu também que essas instituições colaborassem com as polícias suíça e norte-americana.
— Essa pode ser a caixa de Pandora que pode mudar o futebol aqui e na América do Sul — disse.
O jornalista ressaltou que a má gestão do futebol prejudica a sociedade em diversos aspectos, inclusive socioeconômicos. Para ele, é "absurdo" por exemplo, o fato da Seleção Brasileira quase nunca disputar partidas em nosso território, com a exceção dos jogos eliminatórios para a Copa do Mundo.
— É preciso investigar a razão disso aí. Sua seleção se apresenta no mundo todo e quase nunca por aqui. Por que isso?
Jennings defendeu que as investigações também devem se dar sobre os contratos de transmissão e marketing desses jogos, assim como dos aviões e hotéis que são utilizados como estrutura no deslocamento do time. Ele ainda sugere um olhar minucioso sobre os contratos ligados à organização da Copa do Mundo no ano passado.
"Esquema corrupto nasceu no Brasil"
Baseado nas investigações que realiza há anos, e da colaboração com o FBI desde 2009, Jennings garantiu que o esquema de corrupção presente no futebol mundial nasceu no Brasil.
— Começou na década de 70 quando Havelange se elegeu para a presidência da Fifa. Joseph Blatter foi seu principal assessor e deu continuidade ao modus operandi.
Ele informou ainda que as investigações do FBI e da polícia suíça "estão na metade e muita gente ainda vai acabar atrás das grades".
Ainda em seu depoimento, Jennings sugeriu que Blatter tem ligações com a máfia russa e ironizou assessores da CBF que acompanham seu depoimento pessoalmente na Comissão.
— Fiquem até o fim, voltem para o Rio, fechem aquela entidade e a reabram redemocratizada para a sociedade brasileira.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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