Aloysio Nunes Ferreira diz que recebeu doação legal de investigado na Lava Jato

Da Redação | 29/06/2015, 09h18

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) divulgou nota na qual afirma que recebeu legalmente doação da empreiteira UTC, dirigida por Ricardo Pessoa, que ficou preso durante quatro meses em função das investigações da Operação Lava Jato.

O senador é uma das pessoas supostamente citadas na delação premiada assinada entre Pessoa e o Ministério Público Federal (MPF), que comanda as investigações, de acordo com reportagem publicada na edição deste fim de semana da revista Veja.

O parlamentar reconhece que recebeu a quantia para a sua campanha eleitoral ao Senado em 2010, mas afirmou que não teria reais condições de influenciar decisões da Petrobras que favorecessem a UTC.

NOTA À IMPRENSA

É preciso analisar com cuidado a lista dos políticos que teriam sido citados por Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC, em sua delação premiada.

Todos os citados afirmam, inclusive eu, que as doações foram legais, registradas na Justiça Eleitoral. Ate aí, não há muita diferença. O que deve guiar a análise desta lista para estabelecer as distinções é indagar quais desses políticos teriam reais condições de influenciar decisões da Petrobras que favorecessem a UTC.

Eu não teria a menor possibilidade de fazê-lo. Em primeiro lugar, não faz parte do meu repertório combinar política com negócio. Em segundo lugar, minha notória hostilidade aos governos petistas jamais me recomendaria a esse papel de intermediário junto à Petrobras.

Finalmente, quando fui candidato ao Senado pelo PSDB em 2010, ano em que a contribuição da UTC foi recebida, entregue ao meu comitê por via eletrônica, e declarada à Justiça, eu não era titular de nenhum mandato e enfrentava um desafio eleitoral dificílimo. Minhas chances de vitória eram remotas. De fato, as únicas doações que recebi foram 200 mil reais, em 16 de julho, e 100 mil, em 18 de agosto: àquela altura, meu índice de intenção de votos nas pesquisas estava em torno de 2% e eu figurava em sétimo lugar entre os candidatos.

Então, como explicar as doações? Na verdade, elas foram solicitadas ao Dr. João Santana, diretor presidente da Constran, meu amigo há 40 anos, que sempre participou ativamente de minhas campanhas eleitorais, desde a primeira em 1982 e até a última.

Ocorre que, em 2010, a UTC havia se associado majoritariamente à Constran e, por isso, como me explicou ainda ontem Dr. João Santana, a doação foi contabilizada em nome da empresa dirigida por Ricardo Pessoa. Além do mais, em 2010, não havia Lava Jato e nem eu, nem os então dirigentes da Constran, nem a imensa maioria dos brasileiros tínhamos conhecimento das acusações que pesam hoje contra Ricardo Pessoa em razão de suas relações com a Petrobras e os governos petistas.

Aloysio Nunes Ferreira, Senador (PSDB-SP)
Brasília, 27 de junho de 2015

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)