Em discurso de despedida, Ana Rita avalia seu mandato no Senado

Da Redação | 18/12/2014, 21h07

Em discurso no Plenário nesta quinta-feira (18), a senadora Ana Rita (PT-ES) apresentou uma síntese de seus quatro anos de Senado. Ela lembrou que assumiu o mandato em 2011, depois que o senador Renato Casagrande (PSB-ES), de quem era suplente, foi eleito governador do Espírito Santo.

A senadora disse que 2011 representou um momento especial para o Brasil, pois o ex-presidente Lula estava saindo da Presidência com grande apoio popular, cedendo lugar à primeira mulher na Presidência do país, Dilma Rousseff. A senadora elogiou as conquistas sociais e econômicas do governo Lula e também destacou os programas sociais do governo Dilma – como o Brasil Sem Miséria, o Brasil Maior, a Rede Cegonha e o Minha Casa, Minha Vida. O conjunto dessas ações, ressaltou a senadora, retirou, nos últimos anos, 36 milhões de brasileiros da miséria.

— Foi nesse contexto que assumi o meu mandato, que cumpriu o papel de dar sustentação ao governo Dilma, dar apoio às causas sociais, em defesa da democracia e dos direitos humanos — declarou a senadora.

Produção legislativa

Ana Rita foi vice-líder do PT e a primeira mulher a presidir a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). Ela relatou 142 projetos e fez mais de 200 pronunciamentos no Plenário. Direitos das mulheres, humanos e trabalhistas, cooperativismo e agricultura familiar estão entre os principais temas dos 31 projetos que Ana Rita apresentou em seus quatro anos no Senado. A senadora lembrou que atuou também na questão dos royalties do petróleo, levando em conta o interesse do seu estado. Ela acrescentou que trabalhou buscando recursos para o Espírito Santo, beneficiando 60 municípios.

A senadora reafirmou sua defesa do voto em lista, de uma maior representação feminina no Congresso e do fim do financiamento privado de campanha. Lembrando o ex-senador Darcy Ribeiro, ela disse ter orgulho também de suas derrotas, pois tem a convicção de ter combatido o bom combate. Ana Rita citou como exemplo de derrotas a não aprovação da criminalização da homofobia (PLC 122/2002) e a falta de uma reforma política plural e profunda.

Na visão da senadora, porém, seu maior legado no Congresso foi o trabalho final da CPI mista da Violência Contra as Mulheres, da qual ela foi a relatora. Na presidência da CDH, Ana Rita informou que coordenou 121 audiências públicas e encaminhou às autoridades mais de 180 denúncias de violação dos direitos humanos. Combate à miséria, incentivo à participação social, mobilidade urbana, conflitos agrários, direitos indígenas, cotas e adoção de crianças estiveram entre os principais temas dos trabalhos da CDH.

Ana Rita lamentou o que chamou de ódio eleitoral. Ela reconheceu que esse ódio ocorre, em parte, por erros do PT. No entanto, disse a senadora, parte do ódio decorre dos acertos do PT – pois uma parte do Brasil não aceita os avanços sociais conquistados nos últimos anos. Ana Rita pediu que as esquerdas se unam para realizar as reformas estruturantes, que são necessárias e urgentes. Ela defendeu uma assembleia constituinte exclusiva para a reforma política, pediu a democratização dos meios de comunicação e cobrou a reforma tributária. Ana Rita ainda agradeceu a todos que colaboraram com seu mandato, ao PT, aos servidores do Senado, aos movimentos sociais, ao presidente Renan Calheiros, à Mesa e aos colegas senadores.

— Eu digo isto sempre: sem o apoio de vocês, esta senadora não teria feito o trabalho que fez. Deixo o Senado, mas não deixo a política nem as lutas sociais — afirmou.

Magistral

O senador Jorge Viana (PT-AC) elogiou o trabalho de Ana Rita em prol dos direitos humanos e agradeceu o carinho e a atenção da colega. Para o senador Anibal Diniz (PT-AC), Ana Rita fez um mandato “magistral”, com atenção especial para as causas sociais. O senador Antonio Aureliano (PSDB-MG) disse que a colega fez um mandato honrado e coerente, enquanto o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) classificou como digno todo o trabalho de Ana Rita.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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