Filiações partidárias têm o menor aumento desde 2006

Guilherme Oliveira | 01/10/2014, 13h28

O número de eleitores brasileiros filiados a algum partido político tradicionalmente sobe no período que precede as eleições, sejam elas nacionais ou municipais. É a lógica, uma vez que muitos cidadãos buscam a filiação para participar da vida da agremiação partidária de sua preferência ou mesmo para concorrer a algum cargo no pleito que se aproxima.

Em 2014 isso também aconteceu, mas o número de novos filiados cresceu muito menos do que vinha sendo registrado em anos eleitorais anteriores. Enquanto as eleições de 2008, 2010 e 2012 motivaram, cada uma, mais de um milhão de eleitores a cerrarem fileiras em algum partido, este ano resultou em pouco menos de 180 mil filiações partidárias. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Essa estatística representa o menor crescimento do número de filiados em um período pré-eleitoral desde 2006 – ano em que o total de membros de partidos no Brasil diminuiu. O crescimento percentual de filiados entre 2013 e 2014 (1,19%) foi menor do que o crescimento do eleitorado brasileiro no mesmo período (1,32%), algo que também não acontecia desde 2006.

Isso significa que a parcela de eleitores registrados no Brasil que integram algum partido político caiu, depois de sete anos crescendo ininterruptamente. Hoje, a menos de uma semana da eleição presidencial, 15,3 milhões de brasileiros – em um universo de 142,8 milhões de eleitores – possuem carteirinha de partido. Isso equivale a 10,7% do eleitorado – menos do que as intenções de voto dos três principais candidatos à Presidência.

Essa movimentação negativa das taxas de filiação partidária vem na esteira dos protestos de rua de junho de 2013, que foram marcados pela rejeição da maioria dos manifestantes à participação de militantes partidários.

Responsabilidade dos partidos

O cientista político Manoel Leonardo Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em entrevista à Agência Senado, responsabilizou os próprios partidos políticos por estarem atraindo menos seguidores.

- Os partidos não cumprem a sua função de desenvolver atividades de educação e envolvimento político para além das eleições. Eles não se colocam como apoio para o cidadão e para os grupos de interesse – critica.

Apesar do aumento mais tímido do número de filiados, o número de candidatos continua em franca ascensão. Em todo o país há 7.139 concorrentes a um cadeira de deputado federal, 1.124 a mais do que em 2010. Os candidatos a deputado estadual somam 18.036, um acréscimo de 2.771 em relação a quatro anos atrás.

O crescimento do número de postulantes a um cargo eletivo reflete a ampliação do panorama partidário desde as últimas eleições gerais. Entre 2010 e 2014, cinco novos partidos foram criados, elevando o total de siglas em atividade no país para 32.

Os novos partidos são Partido Social Democrático (PSD), Partido Pátria Livre (PPL), Partido Ecológico Nacional (PEN), Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e Solidariedade (SD). Os três últimos estreiam nas urnas este ano, enquanto PSD e PPL já haviam participado das eleições municipais de 2012. No entanto, quase todos eles têm representação no Congresso Nacional, tendo recepcionado parlamentares que deixaram outras legendas. Apenas o PPL não tem bancada.

Como foi feito o cálculo

Para analisar a evolução das filiações partidárias no país, a Agência Senado tomou como referência o último número disponível na base de dados do TSE. Ele mostra que em agosto de 2014 havia 15,3 milhões de eleitores filiados a algum partido brasileiro. O mês de agosto foi estabelecido como base para comparação com os anos anteriores.

Assim, o total de filiados teve uma variação positiva de 179.969 eleitores (crescimento de 1,19%) de agosto de 2013 a agosto de 2014; de 1.199.551 de agosto de 2011 a agosto de 2012 (aumento de 8,64%); de 1.307.842 (elevação de 10,41%) de agosto de 2009 a agosto de 2010; e de 1.021 pessoas entre agosto de 2007 e agosto de 2008 (8,92% a mais).

No período que antecedeu as eleições gerais de 2006, a variação foi negativa. O total de filiados sofreu uma redução de 0,68%, correspondente a 79.518 eleitores filiados a menos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)