Ciro Nogueira diz que renuncia se envolvimento com ex-diretor da Petrobras for comprovado

Da Redação | 09/09/2014, 13h33

Em carta enviada ao juiz Sergio Fernando Moro, da 13ª Vara Criminal de Curitiba (PR), o senador Ciro Nogueira (PP-PI) abriu mão, nesta terça-feira (9) de “qualquer tipo de segredo de Justiça sobre qualquer alegação” e afirmou que renunciará ao mandato de senador se for comprovado algum vínculo “ilegal ou impróprio” entre ele e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que delatou dezenas de políticos em depoimento à Polícia Federal.

O documento foi motivado, segundo o gabinete do senador, pela publicação de reportagens segundo as quais o parlamentar teria envolvimento com o ex-diretor da empresa, entre elas a matéria intitulada "Doleiro pagou passagens aéreas para assessores de senadores", do jornal O Estado de S. Paulo desta terça.

Junto com o doleiro  Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa é um dos investigados pela Polícia Federal, na operação Lava Jato, por suspeita de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões da Petrobras. Ex-diretor de Abastecimento e Refino da empresa, Paulo Roberto prestou vários depoimentos sobre a investigação, em agosto, utilizando o benefício da delação premiada. Ele teria citado nomes de políticos beneficiados e que foram divulgados em reportagem recente da revista Veja, entre eles o senador piauiense.

Ciro Nogueira diz, na carta, que foi com "perplexidade e indignação" que recebeu as acusações que ligam seu nome às denúncias, e pede à Justiça que sejam tornadas públicas as informações que existirem a respeito dele.

O senador nega que tenha mantido qualquer contato com Paulo Roberto "que não tenha obedecido aos ditames da lei e da ética" e esclarece que  teve "alguns poucos e raros contatos, os quais constavam da agenda pública da Petrobras, por conta de interesses do meu estado, o Piauí, com ênfase para a viabilidade do porto de Luís Correia, o gasoduto ligando Piauí, Maranhão e Ceará, a viabilidade do setor sucroalcoleiro em nosso estado".  Ciro acrescenta, na carta, que "esses encontros sempre foram pautados pelo interesse público e alguns deles acompanhados por outras lideranças do estado, inclusive o governador, em certa ocasião".

Compromisso público

Ciro Nogueira assumiu o compromisso público de renunciar ao mandato “se houver qualquer transação que beneficie a mim ou qualquer estrutura empresarial da qual seja sócio, cotista ou esteja de alguma forma individual e diretamente relacionado, no contexto das investigações vigentes".

Sobre o assessor de seu gabinete, Mauro Conde Soares, o senador encaminhou, junto com a carta ao juiz, depoimento prestado pelo servidor "no qual o funcionário reconhece que agiu sem meu conhecimento, por iniciativa própria, traindo a confiança funcional devida".

Em nota à imprensa, também divulgada nesta terça-feira, Ciro Nogueira diz que ao ser informado sobre matéria que o jornal O Estado de São Paulo publicaria, envolvendo o nome do assessor, convocou uma reunião com a equipe de seu gabinete para esclarecer a situação.

Na reunião, o assessor contou ter viajado a São Paulo, sem conhecimento do senador, para tratar de assunto não relacionado ao gabinete, após contato com Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, também investigado pela Operação Lava Jato.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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