Pasadena é um bom negócio para a Petrobras, diz Gabrielli

Larissa Bortoni | 20/05/2014, 16h20

A Petrobras fez um bom negócio ao adquirir a refinaria de Pasadena, nos EUA, em 2006. A avaliação é do ex-presidente da empresa Sérgio Gabrielli, ouvido nesta terça-feira (20), na CPI da Petrobras. O ex-executivo também isentou a presidente Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da estatal, de qualquer responsabilidade individual pelo fechamento do contrato.

De acordo com Gabrielli, a decisão pela compra da refinaria no Texas foi tomada em conjunto pelos membros do Conselho de Administração, em atendimento à estratégia da empresa à época de buscar refino no exterior.

- Não considero a presidente responsável pela compra de Pasadena. A responsabilidade é da diretoria da Petrobras e do Conselho de Administração, porque a decisão passou por todos os procedimentos internos. Então essa é a questão-chave. É um processo de decisão que não é individualizado. Foi um processo coletivo - explicou.

O ex-presidente da estatal informou que Pasadena custou US$ 1,24 bilhão. Do montante, US$ 554 milhões foram pagos pela refinaria, cuja capacidade de processamento é de 100 mil barris diários. Segundo Sérgio Gabrielli, a Petrobras decidiu pelo negócio, por causa da boa localização da refinaria, na entrada do Golfo do México, e a interligação com as redes de gasoduto e oleoduto. O preço também seria atraente.

Gabrielli admitiu que em 2008 – dois anos após o negócio – a crise financeira mundial e a descoberta de novas jazidas de petróleo nos Estados Unidos reverteram as vantagens financeiras da compra e houve dificuldades até 2012. Ele afirmou, porém, que a situação mudou novamente no ano passado.

- A partir de 2013, ela volta a ser um bom negócio. Em 2014 ela é uma empresa lucrativa. Por quê? Porque tem petróleo disponível no Texas a preço barato, leve e que pode ser processado em Pasadena. Pasadena pode, portanto, vender derivados no mercado americano com margem em torno de US$ 30 a US$ 40 por barril.

Especulação

O ex-presidente da Petrobras afirmou ainda que as cláusulas do contrato entre a Petrobras e a Astra Oil para a aquisição de Pasadena foram adequadas e de acordo com o perfil de negócios de grande porte. Gabrielli também chamou atenção para o que considera uma campanha para prejudicar a Petrobras. Segundo ele, há especuladores e também políticos brasileiros interessados em diminuir o poder da empresa, especialmente após a descoberta do pré-sal.

- Já existem vazamentos do WikiLeaks que mostram conversas entre políticos brasileiros e diplomatas americanos colocando de forma clara que a prioridade é desmontar a lei que garante a Petrobras como operadora única do pré-sal brasileiro. São vazamentos, não sei se verdadeiros ou não, mas que mostram conversas entre certos políticos brasileiros e embaixadores e diplomatas americanos - disse.

Na saída do depoimento, Gabrielli acusou especificamente a oposição de querer destruir a Petrobras. Ele disse que, se for preciso, comparecerá também à CPI mista da Petrobras, que pode iniciar os trabalhos nesta semana, mas não sabe o que terá a acrescentar.

- A CPI pode se transformar simplesmente em um espetáculo. A oposição quer criar um espetáculo. Acho extremamente perigoso. Acho condenável o comportamento da oposição. Está querendo destruir uma empresa sólida, bem administrada e com perspectiva de crescimento. Tentam dizer que a empresa está em uma crise que não existe. Há muita ficção nas ações da oposição.

Ausência

Nenhum senador da oposição participou da audiência com Sérgio Gabrielli. Dois indicados, Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Wilder Morais (DEM-GO), já haviam pedido a retirada de seus nomes dos membros da CPI. Já o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), que ainda integra a comissão formalmente, anunciou no Twitter ter percebido que a CPI do Senado é "chapa-branca e com cartas marcadas" e por isso resolveu não mais participar das reuniões. “Vou concentrar meus esforços na CPI mista”, afirmou.

O relator da comissão parlamentar de inquérito, José Pimentel (PT-CE), classificou a posição dos opositores de desrespeito.

- O que nós fizemos na instalação desta CPI foi cumprir uma decisão do STF, que é resultado de um mandado de segurança encabeçado pelo senador Aécio Neves [PSDB-MG] pedindo a instalação desta CPI.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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