Ministro diz que Mercosul apresentará proposta de acordo à União Europeia até junho

Marcos Magalhães | 08/05/2014, 16h10

O Mercosul apresentará até o início de junho uma proposta única para negociação de um acordo de livre comércio com a União Europeia. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (8) pelo ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges Lemos, em audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Durante a audiência, solicitada e presidida pelo presidente da comissão, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), o ministro ressaltou a importância das negociações com os europeus.

- Este é o momento certo de negociar, sob o risco de ficarmos de fora das grandes cadeias globais de produção. Em um acordo com a Europa só temos a ganhar. O cavalo está passando encilhado uma única vez. Então, vamos montar nesse cavalo – disse Lemos.

Segundo o ministro, o Mercosul apresentará a sua proposta antes da União Europeia. A partir da troca de ofertas, as negociações deverão levar até três anos para serem concluídas. Em defesa do acordo, ele observou que as tarifas de importação de produtos agrícolas pelo bloco europeu são elevadíssimas. As tarifas caem apenas quando as importações estão dentro de cotas atribuídas aos exportadores, tornando praticamente impossível a exportação extracota. O que o Mercosul pretende, anunciou, é multiplicar por quatro ou cinco vezes as suas vendas de produtos agrícolas aos europeus.

O Brasil tem fortes correntes de comércio com os Estados Unidos, a China e a União Europeia. As negociações de uma associação do Mercosul com a União Europeia, como recordou, começaram há dez anos. Em 2004, os europeus apresentaram uma oferta “extremamente tímida” na área agrícola, segundo o ministro. Na nova etapa de negociações, relatou, os países do Mercosul – que possuem uma base agroindustrial-exportadora de “excelência mundial” – pretendem ocupar uma “parte substantiva” do mercado europeu.

- Estamos abrindo nossa indústria, onde temos empresas europeias estratégicas que operam no Brasil há mais de 100 anos. Temos vantagem comparativa clara [na agricultura], então queremos vantagens claras – afirmou.

Segundo Lemos, a Argentina não tem sido um óbice nas negociações. Ao contrário, observou, tem sido “parte fundamental” na elaboração da oferta única do Mercosul. Ele relatou ainda ter visitado na quarta-feira (7) o Paraguai, onde o presidente Horacio Cartes autorizou seus ministros a definir a oferta do país. Da mesma forma, acrescentou, o Uruguai está concluindo a sua proposta. A Venezuela não participa dessa etapa das negociações.

- Em vez de ficar nas cordas, com uma postura negativa, temos que chegar ao centro do ringue e perguntar o que os europeus têm de interessante a nos oferecer. Nós estamos com a nossa oferta. Vamos sair das cordas e começar a peleia no centro do ringue. O Brasil tem base industrial, agrícola e mineral para uma proposta competitiva - assegurou.

Mercosul

Ao abordar o atual estágio de integração dentro do próprio Mercosul, o ministro admitiu que os países do bloco foram muito ambiciosos em um primeiro momento, ao estabelecer a criação de uma união aduaneira – na qual os países do bloco têm uma tarifa uniforme de importação, salvo exceções, diante do resto do mundo. Mesmo assim, ele demonstrou bastante otimismo em relação ao comércio com os demais sócios do bloco. No caso da Argentina, o ministro admitiu uma queda nos últimos anos das trocas bilaterais – de 16% das trocas totais para 8,6%. Apesar das trocas com o país vizinho terem diminuído em termos relativos, uma vez que o Brasil aumentou suas vendas a outros países, o comércio com a Argentina cresceu em termos absolutos. O aumento foi de 6% ao ano desde 2008.

- Estamos muito bem no comércio bilateral com a Argentina. Não dá para pegar uma questão específica de dificuldade de divisas no curto prazo que a Argentina viveu e analisar toda a estrutura do acordo comercial. Seria um equívoco, uma visão de curto prazo, imediatista. A estrutura desse comercio é altamente vantajosa para o Brasil – avaliou o ministro, que classificou como “extremamente bem sucedidas” as negociações da semana passada com o governo argentino sobre a liberalização do comércio bilateral.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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