Potencial hidrelétrico do Brasil acaba em dez anos, alertam especialistas

Da Redação | 27/03/2014, 21h15

Especialistas preveem o esgotamento do potencial hidrelétrico do Brasil entre os anos 2025 e 2030. Para garantir a energia nos próximos dez anos e alcançar o potencial máximo previsto para a geração de fonte hídrica – que é 260 mil megawatts (MW) – será preciso explorar as últimas fronteiras das grandes usinas no país e diversificar as matrizes energéticas.

A conclusão é dos participantes da mesa redonda que debate a energia elétrica no 1º Fórum Nacional de Infraestrutura, promovido pelo Senado nesta quinta-feira (27) e sexta-feira (28).

A prioridade continua a ser a geração de energia hidrelétrica, como a estimada para as usinas de Belo Monte e o Complexo de Tapajós. Além das vantagens dos múltiplos usos da hidrovia para a navegação, a prevenção de cheias com o controle da vazão e os benefícios de infraestrutura para as comunidades do entorno.

No entanto, a oposição de grupos de defesa do meio ambiente tem criado obstáculos para a liberação da licença ambiental e um aumento nas demandas judiciais, como destacou o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), coordenador do debate.

- Há dificuldades de se entrar especificamente na região amazônica, até para estudar a exploração desses recursos hídricos - disse.

Sempre que o nível dos reservatórios atinge estado crítico ocorre o acionamento das usinas térmicas, a gás, com energia mais cara e poluente, lembraram os especialistas.

Outras fontes

O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético, Altino Ventura, apontou a cana-de-açúcar e seus derivados, etanol e bagaço, como a segunda fonte da nossa matriz energética, mais limpa e econômica. Ele também citou os ventos favoráveis de janeiro a dezembro e muita luz solar.

Essas fontes energéticas se complementam, como explica a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Melo. No Brasil 70% da energia é hidrelétrica; 10%, de biomassa; 3%, eólica; e mais a energia solar, que começa a ser implantada.

- No final de 2018, nós vamos já estar com cerca de 9% de participação de energia eólica - informou.

Os debatedores ainda mencionaram outras fontes de energia como a nuclear, com novos reatores; o carvão; e até o lixo, com a queima direta dos resíduos ou a queima do biogás produzido a partir da decomposição da matéria orgânica.

- O que o ministério defende é que essas fontes renováveis tenham uma resposta de mercado. Nós não podemos incorporar projetos que não tenham sua viabilidade técnica e econômica. Criar grandes subsídios para elas, não é o caminho que nós devemos seguir - explicou Altino Ventura.

Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, conclamou o esforço do Congresso na formulação de políticas transparentes e eficientes para o setor elétrico. Ele defende a modernização da legislação para permitir a participação da iniciativa privada e uma discussão com a sociedade baseada em informação.

Todas as sugestões estão sendo organizadas com os principais encaminhamentos ao Poder Executivo ou as propostas que podem se transformar em projetos legislativos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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