CRE ouvirá dois parlamentares sobre crise política na Venezuela

Marcos Magalhães | 27/03/2014, 16h35

Dois parlamentares venezuelanos – a deputada de oposição María Corina Machado e o deputado governista Rodrigo Cabezas – serão convidados a debater a crise institucional de seu país com os integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). A decisão foi tomada pelos senadores da comissão após um acalorado debate sobre o formato e os participantes da audiência, num momento em que a Venezuela experimenta um período de grande polarização política.

A proposta de um debate sobre a crise institucional do país vizinho partiu do presidente da comissão, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Ele disse ter ouvido um relato comovente da deputada sobre a crise durante um encontro promovido, em Lima, por uma organização política de orientação liberal presidida pelo escritor Mario Vargas Llosa. Ele sugeriu então à comissão um convite a María Corina Machado, que estará em Brasília na próxima semana, para debater o tema com os senadores.

- Não podemos fazer de conta que nada está acontecendo na Venezuela – disse Ferraço.

Logo em seguida, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) pediu que não se realizasse uma audiência pública com a deputada venezuelana – que foi sumariamente cassada pela assembleia de seu país depois de denunciar na Organização dos Estados Americanos (OEA) abusos aos direitos humanos na Venezuela – sem que estivesse presente, na mesma reunião, um parlamentar da base do presidente chavista Nicolás Maduro. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu, então, que seja ouvido o deputado Rodrigo Cabezas, do Partido Socialista Unido.

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse não ter nada contra ouvir o deputado socialista, mas observou que condicionar a realização da audiência com a deputada de oposição à presença do governista seria um “subterfúgio para não ouvir a deputada”. Ele elogiou Suplicy pela coragem de apoiar a viagem ao Brasil da blogueira cubana Yoaní Sánchez, em nome da liberdade de expressão. Em seguida, disse que María Corina tem sido duramente ameaçada em seu país, assim como Yoaní teria sido “ameaçada fisicamente por arruaceiros do PCdoB”, enquanto esteve no Brasil.

O comentário foi veementemente contestado por Vanessa Grazziotin. Ela defendeu o PCdoB, disse que não há arruaceiros no partido e deixou a reunião, depois de pedir a Suplicy que apresentasse um pedido de verificação de quórum no momento da votação. Alguns minutos depois ela retornou à comissão e solicitou, ela mesma, a verificação de quórum. O presidente da comissão ponderou, então, que ela necessitaria do apoio de mais três senadores.

Depois que Luiz Henrique (PMDB-SC) recordou que Aloysio e Vanessa tinham em comum uma história de defesa da democracia, o senador tucano desculpou-se, apesar de afirmar que não havia se referido à colega. Uma vez resolvida a questão, Ferraço colocou em votação o requerimento de convite aos dois parlamentares venezuelanos, que foi aprovado pela comissão.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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