Brasil precisa de poderio militar para se impor, recomenda Amorim

Marcos Magalhães | 27/03/2014, 17h35

O chamado soft power (poder suave) já fez muito pelo Brasil, mas daqui por diante o país vai precisar mesmo é de aumentar sue poderio militar, se quiser se impor como a 6ª economia do planeta. É o que pregou nesta quinta-feira (27), em debate no Senado o ministro da Defesa, Celso Amorim.
Conforme o ministro, o Brasil é lembrado e respeitado muito mais por sua cultura e sua diplomacia do que por seu poder de dissuasão baseado nas forças armadas.

- Em várias ocasiões pude observar que ter um pouco mais de hard power ajudaria. Precisamos de certa capacidade militar que ampare esse poder brando da cultura. Termos forças armadas bem equipadas é indispensável. E esse ponto de vista deve ser compartilhado pela sociedade - aconselhou Amorim durante audiência pública sobre Os Rumos da Defesa Brasileira promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

O conceito de soft power foi desenvolvido pelo acadêmico americano Joseph Nye, da Universidade de Harvard, para descrever a habilidade de um país em atrair o apoio de outros países não pela coerção, mas por meios como a sua cultura, os seus valores políticos e a sua política externa.

- Um país do porte do Brasil não pode delegar sua defesa a ninguém. Um princípio básico de nossa Estratégia Nacional de Defesa é a dissuasão. Temos que ser capazes de demonstrar a potenciais agressores, que não são definidos, que quem quiser por alguma razão nos agredir precisará pensar duas vezes – alertou Amorim, convidado a participar da audiência por requerimento do presidente da comissão, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

Entre os países que integram os chamados Brics, o Brasil é o que menos gasta em defesa, informou o ministro. A média de gastos do bloco, que também inclui Rússia, índia, China e África do Sul, é de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB). O Brasil limita-se a investir 1,5% do PIB.

Se, para o resto do mundo, a postura brasileira será de dissuasão, entre os vizinhos deverá ser de cooperação, segundo Amorim. Ele informou que o país acaba de adquirir quatro lanchas blindadas da Colômbia, que ajudarão a patrulhar os rios da Amazônia, e observou que, se para vender equipamentos militares é preciso também comprar de parceiros. Amorim defendeu ainda a criação de uma Escola Sul-Americana de Defesa.

- Na América do Sul, a cooperação é a melhor dissuasão – definiu.

Essa visão foi compartilhada pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC). que defendeu um protagonismo “solidário e fraterno” junto aos vizinhos da América do Sul. No ver da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), a “integração solidária a muitos incomoda”.

Para o ministro, esse tipo de postura mais colaborativa deve se estender aos países da África, onde esteve recentemente para tratar de ações de cooperação e treinamento na República do Congo, África do Sul e Moçambique. Este último, aguarda a doação de três aviões Tucano, acordo que depende de projeto em tramitação no Congresso.

Segurança

Durante o debate outros temas foram tratados com o ministro. Ferraço lamentou que o país esteja aparentemente "perdendo uma guerra” para as drogas. O senador observou que 70% da cocaína consumida no Brasil vem do Peru e passa pela Bolívia. Por essa razão, ele entende que não se deve combater o tráfico nas grandes cidades, perto do consumo, mas sim nas fronteiras. Por isso, a necessidade de fortalecimento do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), do Ministério da Defesa.

O senador José Agripino (DEM-RN) elogiou a escolha dos aviões suecos Grippen para reequipar a Força Aérea Brasileira. Já o senador Pedro Simon (PMDB-RS) ressaltou sua preocupação com a situação da segurança pública no Rio de Janeiro e considerou justo o pedido de ajuda federal feito pelo governador Sérgio Cabral. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou a necessidade de o Ministério da Defesa colaborar com os Ministérios da Justiça e do Esporte para garantir a realização com sucesso da Copa do Mundo deste ano.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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