Parlamentares da Finlândia defendem mais investimentos no Brasil

Da Redação | 28/01/2014, 20h10

Uma missão parlamentar da Finlândia foi recebida no Senado, nesta terça-feira (28), pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e pela senadora Ana Amélia (PP-RS).

A manutenção de investimentos no Brasil foi defendida durante o encontro pelos deputados da Finlândia, país que hoje se destaca no setor de educação, indústria naval e tecnologia, entre outras áreas.

Em entrevista após o encontro, Cristovam Buarque destacou o esforço de desenvolvimento empreendido pela Finlândia nas últimas décadas, visto que o país, até os anos de 1950, precisava de ajuda internacional, pois havia saído de uma guerra com a União Soviética e vivia da exportação de madeira e de papel higiênico.

Cristovam disse que a federalização da educação é a única saída para a melhoria do setor no Brasil, com a criação de uma carreira nacional do magistério; a seleção cuidadosa e a avaliação permanente de professores; e o uso de equipamentos modernos para o aprendizado. O senador adiantou que articula a criação de uma entidade chamada "Políticos sem Fronteiras", que pretende mobilizar parlamentares de diversos países para o combate a problemas contemporâneos, como o trabalho infantil no mundo.

Intercâmbio

Ana Amélia, por sua vez, ressaltou que a Finlândia é um país “especial” com muitas lições a dar ao Brasil. Ela lembrou que os finlandeses cultivam a transparência no setor público, detendo hoje o menor índice de corrupção, além de investir de forma permanente em educação, o que faz com que seus estudantes obtenham destaque em avaliações internacionais no setor.

No encontro com os senadores, disse Ana Amélia, os parlamentares finlandeses “levantaram as mesmas preocupações que qualquer brasileiro empreendedor”, como o excesso de burocracia e de instâncias decisórias no Brasil, além da demora no sistema jurídico e a complexidade no sistema tributário. Mas ressaltaram o interesse de uma maior aproximação econômica entre os dois países.

De acordo com a embaixada da Finlândia no Brasil, o intercâmbio comercial entre os dois países tem crescido de maneira positiva nos últimos anos, atingindo 1,2 bilhão de euros em 2010. Em sua maioria, a importação finlandesa inclui máquinas e equipamentos. Os produtos mais exportados são os mineirais, minério de ferro e alimentos. Entre as empresas da Finlândia no Brasil estão a fabricante de tratores Valmet, no país desde 1960; a Nokia,, que desde 1998 mantém uma fábrica de celulares em Manaus; e a Stora Enso, que, em conjunto com a Aracruz Celulose, implantou a fábrica da Veracel na Bahia, cuja produção teve início em 2005.

Acordo Mercosul-UE

O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento da Finlândia, deputado Timo Soini, observou ser fundamental que a União Europeia feche um acordo com o Mercosul antes de firmar o acordo com os Estados Unidos. O senador Ricardo Ferraço destacou que a parceria com a UE é estratégica para o Mercosul, especialmente diante da evolução de acordos como a da Aliança do Pacífico.

– O papel do Brasil é não permitir que a América do Sul se divida entre América do Sul do Pacífico e do Atlântico. A Comissão de Relações Exteriores do Senado tem tentado exercer protagonismo nessa área, o que é difícil, já que nosso modelo de presidencialismo concentra muito poder em torno da Presidência da República – afirmou.

Ricardo Ferraço aproveitou o encontro para defender uma mudança na condução da política externa brasileira, que “precisa ser uma política de Estado, não uma política de governo”. O Brasil, segundo ele, tem reduzido seu protagonismo mundial e deixado de priorizar interesses estratégicos, por se deixar mover por “paixões ideológicas” no cenário internacional.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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