Roberto Requião usa ditados populares para apontar contradições do governo Dilma

Da Redação | 31/10/2013, 18h55

Ao discursar no Plenário na tarde desta quinta-feira (31), o senador Roberto Requião (PMDB-PR) fez uma analogia entre ditados e citações populares e episódios recentes da política, da economia e da sociedade brasileira. Requião esclareceu que usou como base para seu discurso as pesquisas do folclorista Câmara Cascudo.

O primeiro ditado citado pelo senador foi “fazer ouvidos de mercador”. Requião explicou que, com o tempo, esse ditado “sofreu uma corruptela”, pois a origem se referia ao marcador – que era o carrasco que marcava a ferro o escravo, sem atender aos gritos do marcado. O senador lembrou que, nas últimas semanas, houve muitos protestos contra o leilão do Campo de Libra e mesmo assim o leilão foi realizado.

– Mesmo com tanta manifestação, o governo fez ouvidos de mercador, continuando a ferrar os interesses nacionais – disse Requião.

O senador lembrou que chegou a apresentar um projeto de decreto legislativo pedindo a suspensão da licitação do Campo de Libra. Mas o projeto, disse, ficou passando de comissão a comissão, até o leilão ser realizado. Assim, de acordo com Requião, o Senado foi um “maria vai com as outras”. “Da montanha, pariu-se um rato”, acrescentou, referindo-se ao fato de ter havido muita expectativa e apenas um grupo ter participado da disputa.

Requião ressaltou que na campanha de 2010 a então candidata Dilma Rousseff criticou o candidato José Serra, do PSDB, por ser “privatista”. Mas no poder, continuou, o PT privatizou os portos, os aeroportos e até o petróleo. Para o senador, “o pomo da discórdia” é saber quem privatizou mais: tucanos ou petistas.

– Petistas e seus aliados, supostamente de esquerda, são farinha do mesmo saco que tucanos e seus aliados, supostamente de direitas – afirmou, utilizando o conhecido dito popular que designa pessoas de comportamento igual ou semelhante.

O câmbio sobrevalorizado, os poucos investimentos, os governos estaduais falidos e a alta da inflação são evidências, segundo Requião, da atual fragilidade da economia brasileira. Mesmo assim, prosseguiu, o governo federal está vendo “passarinho verde”, afastado da “dura realidade das coisas”. Para ele, Dilma e equipe “ficam pensando na morte da bezerra”, expressão que ele próprio traduziu como “estar alheio a tudo e deixar a vida passar sem reagir”. Na opinião do senador paranaense, a política econômica da presidente Dilma Rousseff “já deu para o gasto” e não tem sido capaz de enfrentar a contento a crise mundial.

Requião chegou a questionar se o Congresso não passa de um “elefante branco”, diante das imposições feitas pelo Executivo por meio de medidas provisórias. Para o parlamentar, aprovar a independência do Banco Central é como deixar “a raposa para cuidar das galinhas”. Requião reconheceu as conquistas sociais e econômicas dos últimos anos, mas disse que o país pode perder tudo de uma vez se o governo continuar “tapando o sol com a peneira”. Ele disse que o governo sempre destaca os avanços no salário mínimo e os efeitos positivos de programas como o Bolsa Família e o Prouni quando recebe alguma crítica, mas não se dá conta das situações que exigem mudanças de rumos.

– Repetir isso a toda crítica que se faça é transformar os avanços em nhém nhém nhém ou conversa pra boi dormir – observou o senador.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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