Horacio Cartes indica disposição do Paraguai de voltar para o Mercosul

Da Redação | 30/09/2013, 19h30

Em visita ao Senado nesta segunda-feira (30), o presidente do Paraguai, Horacio Cartes, afirmou que o país está predisposto a voltar ao Mercosul. Cartes foi recebido pelo vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC) e pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), além de outros senadores.

- A família está incompleta – disse o presidente Cartes sobre o impasse da saída do Paraguai, que já dura mais de um ano.

A suspensão do Paraguai do bloco se deu após o impeachment do então presidente Fernando Lugo, em junho de 2012, porque os demais países discordaram da forma como Lugo foi deposto. Durante a suspensão, houve a incorporação da Venezuela como país-membro do bloco, o que é questionado pelo Paraguai. Para especialistas, a chegada de Cartes à Presidência poderia pôr fim à crise diplomática.

Em encontro com o presidente do Paraguai pouco antes da visita dele ao Senado, a presidente Dilma Rousseff afirmou que as relações bilaterais seguem intactas e sugeriu que seria uma questão de tempo a volta do país vizinho ao bloco. Cartes, por sua vez, afirmou que o regresso ao Mercosul ocorrerá quando a medida se mostrar útil para o Paraguai.

Dirigindo-se a Cartes, Ricardo Ferraço afirmou que a volta do Paraguai ao Mercosul não é opção, mas destino. Para ele, o retorno do Paraguai é muito importante para o bloco, que enfrenta desafios complexos, como acordos com outros blocos econômicos. O presidente da CRE disse acreditar que a declaração do presidente Paraguaio no Senado foi um sinal claro de que o país tem intenção de voltar a fazer parte do Mercosul.

- A reação foi muito positiva, ele foi absolutamente acolhedor e sinalizou textualmente, publicamente, que o Paraguai estará, no rito protocolar, diplomático, retornando ao Mercosul - disse Ferraço.

Integrante da representação brasileira do Parlamento do Mercosul (Parlasul), e crítica da suspensão do Paraguai, a senadora Ana Amélia (PP-RS) elogiou o gesto do governo  brasileiro em direção à reaproximação e disse considerar “muito correta” a atitude de deferência da presidente Dilma Rousseff. Para ela, a visita do presidente do Paraguai é um momento político importante.

- Tenho confiança de que ele não usa um discurso retórico. Ele fala com foco, com objetividade, porque é um empresário e para um empresário não há retórica, há atos e ações, efetividade e organização – disse a senadora, que espera que o processo da volta do Paraguai ao bloco se dê em pouco tempo.

Pobreza

O presidente do Paraguaio falou ainda, em sua visita ao Senado, no exemplo do Brasil no combate à pobreza e disse que usará os conhecimentos e os erros brasileiros para lutar contra a desigualdade no Paraguai. Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu a renda básica incondicional a todos os cidadãos e entregou ao presidente paraguaio livro de sua autoria e projeto sobre o tema.

Ao desejar sucesso ao novo presidente, o vice-presidente do Senado, Jorge Viana afirmou que o crescimento econômico do Brasil é sustentado pela atividade rural, que também é uma vocação do país vizinho e fez um apelo em favor da paz no campo. Zezé Perrela (PDT-MG)  defendeu a regularização da situação dos “brasiguaios”, brasileiros que contribuíram para a agricultura do Paraguai e que aguardam títulos de propriedade de suas terras.

Já o senador Luiz Henrique (PMDB-SC)  defendeu parcerias do Paraguai não só com os países vizinhos, mas também com estados brasileiros.

Além dos senadores, estava presente o indicado para o cargo de embaixador do Brasil no Paraguai, José Eduardo Martins Felício. A indicação de Felício foi aprovada pela CRE na semana passada e ainda precisa ser votada pelo Plenário do Senado.

 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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