Graça Foster nega acesso a dados da Petrobras e diz que companhia investirá R$ 3,9 bi em segurança

Anderson Vieira | 18/09/2013, 14h50

A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse, nesta quarta-feira (18), não ter dúvida da eficiência do sistema de proteção de dados da companhia. Segundo ela, a petrolífera vai investir neste ano R$ 3,9 bilhões em segurança da informação e R$ 21,2 bilhões de 2013 a 2017, o que demonstra, a seu ver, a importância dada pela empresa ao setor.

Ao participar de audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem do Senado, a executiva admitiu ter havido constrangimento e desconforto após as denuncias de que o governo americano monitorou as atividades da empresa. Todavia, como informou, não há registro ou qualquer indício de violação do sistema.

 A tecnologia é renovada a cada dia, e o monitoramento é constante. Não temos registro de que informações tenham sido acessadas. Não houve acesso a dados, por exemplo, da área de exploração e produção. Não há evidência desta entrada no sistema e de captura de informações.  Para obter e deter aquilo que a Petrobras tem de mais vantajoso frente a qualquer outro concorrente seria muito difícil. Seria necessário capturar toda a Petrobras - afirmou.

Segundo ela, um eventual acesso a dados, ainda que inadmissível, não implica necessariamente na detenção da tecnologia.

 Para tomar essa tecnologia para si, seriam necessários muitos acessos permanentes e sistemáticos por anos - esclareceu.

Criptografia

Graça Foster esclareceu que as informações estratégicas da companhia são armazenadas e criptografadas no Centro Integrado de Processamento de Dados (CIPD) da empresa, no Rio de Janeiro, cuja gestão é feita pela própria Petrobras, com o apoio de equipes especializadas em tecnologia da informação e telecomunicações. O centro é sujeito a acesso controlado e restrito, com uso de mecanismos de segurança como identificação biométrica.

Ela admitiu, no entanto, que existem 36 empresas trabalhando com a estatal brasileira na segurança da informação, várias estrangeiras, sendo 14 delas americanas, que usam tecnologias que na maioria das vezes não são desenvolvidas no país.

 A Petrobras tem hoje ativos em 21 países. O coração da companhia fica no Rio de Janeiro, onde está o CIPD. Quando carecem de proteção, os dados enviados ao exterior são criptografados - informou.

As soluções em criptografia são fornecidas por três empresas americanas, Sophos, Cisco e Junipe, detalhe que não compromete a segurança das informações, na opinião da presidente.

 Elas não conhecem o centro integrado, nem o conjunto das informações. Apenas conhecem parte de um todo. São empresas com reputação no mercado e trabalham para manter esta reputação - afirmou.

Graça Foster acrescentou ainda que dados isolados armazenados no centro de processamento não têm significado claro e ganham importância somente dentro de um contexto de avaliação, feito por especialistas da estatal.

E-mails

A presidente destacou também o sistema de proteção de emails da petrolífera. Segundo ela, entre 9 de agosto e 9 de setembro deste ano, foram enviados 195 milhões de mensagens eletrônicas à Petrobras, mas apenas 16 milhões chegaram. A maioria ficou presa nos diversos filtros de segurança utilizados.

Leilão do Libra

Graça Foster não vê motivos para o cancelamento do leilão do Campo de Libra, na Bacia de Santos, marcado para 21 de outubro. Trata-se de um dos principais campos petrolíferos da camada pré-sal no Brasil.

 Não há elementos que possam justificar não realizar o leilão. Todos estamos em igualdade de condições para participar do certame. Assim como qualquer outra empresa, a Petrobras fornece e compra informações da ANP - disse.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e os senadores Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Delcídio do Amaral (PT-MS) concordaram com a presidente da empresa. Para eles, os que defendem o cancelamento do leilão estão usando a denúncia de espionagem como pretexto.

 Querem dificultar e criar constrangimento, mas se trata de um biombo para outros interesses - disse Ferraço.

Jornalista

Esta foi a segunda audiência pública da CPI da Espionagem. A  comissão realizaria outra reunião nesta quinta-feira (19) para ouvir o jornalista Glenn Greenwald, responsável por divulgar dados secretos coletados pelo técnico Edward Snowden, ex-funcionário terceirizado da agência de segurança nacional dos Estados Unidos (NSA) e seu companheiro, David Miranda, mas os dois não poderão comparecer esta semana e o depoimento foi adiado, ainda sem nova data definida. Em entrevistas para veículos das Organizações Globo, Greenwald revelou que a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras foram alvos da espionagem.

As audiências da CPI com a presidente da Petrobrás, Graça Foster e com a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Magda Chambiard, foram feitas em conjunto com as Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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