Brasil está preparado para transição da economia mundial, afirma Tombini

Da Redação | 18/09/2013, 19h05

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta quarta-feira (18) que o Brasil está preparado para enfrentar os riscos decorrentes da transição da economia global. A afirmação foi feita durante audiência pública promovida pela Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), em conjunto com comissões da Câmara e do Senado.

Entre os fatores positivos citados por Tombini estão as reservas internacionais, que classificou como “colchão de proteção”, a baixa participação estrangeira na dívida pública e o regime de câmbio flexível, que protege o país contra “choques” externos. Além disso, Tombini citou as medidas do BC e do Tesouro para mitigar os riscos de câmbio e de juros.

Segundo o presidente do Banco Central, o programa leilões de swap (troca para diminuição de risco) cambial tem conseguido bons resultados na contenção dos aumentos excessivos do dólar. O programa prevê ofertas semanais de US$ 2 bilhões (equivalentes) de swap cambial e US$ 1 bilhão para venda de dólar com compromisso de recompra.

- Continuaremos usando nosso amplo rol de instrumentos disponíveis. Essa estratégia estará presente durante todo o período de transição do mundo atual com o de maior crescimento da economia global – garantiu.

Sobre a influência do câmbio na inflação, o presidente do BC disse considerar que a desvalorização do real nos últimos meses é uma fonte de pressão inflacionária no curto prazo. Em um horizonte mais amplo, no entanto, a condução adequada da política monetária deve limitar a transmissão dessa influência.

Tombini voltou a afirmar que as ações do Banco Central contra a alta nos preços têm sido efetivas, com trajetória de declínio da inflação, após o pico em junho deste ano. Ele disse que as ações de controle da inflação por meio da taxa básica de juros (Selic) serão mantidas.

Estados Unidos

Durante a audiência, Tombini apontou boas perspectivas para a economia mundial no próximo ano, especialmente em razão da recuperação da economia norte-americana. Na apresentação aos parlamentares, o presidente do BC apontou “perspectivas de saída da política monetária não convencional nos EUA”, o que sinalizaria uma transição da economia global rumo à normalidade.

Alguns minutos depois, com o anúncio de que o Banco Central dos Estados Unidos havia decidido manter o programa de programa de estímulos à economia, Tombini falou sobre a reação das moedas em todo o mundo.

- A decisão deles foi não mexer com isso, e os mercados estão reagindo muito favoravelmente, as moedas estão se fortalecendo em relação ao dólar americano neste momento em que estamos aqui nesta comissão.

Denúncias

Questionado pelo deputado Efraim Filho (DEM-PB) sobre denúncias da revista Época, que apontam omissão do BC diante das irregularidades em liquidações bancárias, Tombini voltou a negar falta de lisura.

As denúncias de conflito de interesses entre a direção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e a empresa IMS, contratada para executar serviços na liquidação do Banco Cruzeiro do Sul, resultaram, em agosto, na demissão do diretor executivo do fundo, Celso Antunes.

A reportagem, publicada na semana passada, afirma que dois diretores do Banco Central haviam sido informados sobre a relação entre executivos do FGC e a IMS em fevereiro deste ano, durante a liquidação do banco Morada, mais de três meses antes de o BC decretar intervenção no Cruzeiro do Sul. O presidente do BC negou que diretores da instituição tivessem conhecimento prévio sobre as atividades ilícitas de dirigentes do fundo.

- A cúpula do BC jamais tomou conhecimento da existência de qualquer esquema montado pelos diretores do FGC nas liquidações bancárias e, se tivesse tomado, não hesitaria em prontamente agir para coibir eventuais práticas ilícitas e punir os responsáveis – disse o presidente.

Tombini atribuiu as “ilações” da reportagem a interesses contrariados de administradores e controladores que praticaram má gestão em instituições financeiras.

Audiência

A audiência foi promovida, além da CMO, pelas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE); e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado; e pelas Comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Finanças e Tributação; e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

O comparecimento do presidente do BC atende a determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei 101/2000), que prevê a apresentação ao Congresso, a cada semestre, de um relatório com a avaliação do cumprimento dos objetivos e metas de suas políticas monetária, creditícia e cambial.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: