Greenwald deve ser ouvido pela CPI da Espionagem

Da Redação | 09/09/2013, 18h01

A presidente da CPI da Espionagem, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), disse, em entrevista nesta segunda-feira (9), que o jornalista americano Glenn Greenwald deverá ser um dos primeiros a serem ouvidos pela comissão. A CPI vai elaborar seu plano de trabalho em reunião às 14h30 desta terça-feira (10).

A senadora não descartou a hipótese de integrantes da CPI irem a Rússia ouvirem o técnico de informática americano Edward Snowden, autor das denúncias de espionagem feita pelo governo dos Estados Unidos, que motivaram a CPI. A oitiva, no entanto, depende de autorização do governo russo, que concedeu asilo provisório ao técnico.

– Desde já a gente deve fazer essa solicitação [ao governo russo] – afirmou a senadora, lembrando que o Senado se manifestou anteriormente pela concessão de asilo a Snowden.

Vanessa Grazziotin disse que a CPI deve pedir a Glenn Greenwald todos os documentos que lhe foram repassados por Snowden. A senadora disse que o Brasil deve ter muito cuidado com a segurança jurídica de Glenn, que mora no Brasil mas é um cidadão americano.

– Até agora ele não é procurado pela Justiça americana, porque não cometeu nenhum crime. É um jornalista que não está fazendo nada mais do que divulgar as informações que tem. A gente percebe que ele é uma pessoa muito séria, que sabe que tudo o que está fazendo pode ser muito bom não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro, e provocar transformações profundas nas relações entre os países – afirmou a parlamentar, na entrevista aos jornalistas.

Vanessa Grazziotin disse que os diretores das empresas de telecomunicação serão ouvidos pela CPI, que deve também procurar dados e documentos sobre a participação dessas na interceptação de conversas telefônicas. Ela propõe que o Brasil se associe a outros países para desvendar “o conjunto dessa operação [de espionagem], que é muito grave”.

A senadora qualificou como absurda a nota divulgada pelo governo dos Estados Unidos, justificando a espionagem sobre a Petrobras como uma atividade necessária para antecipar crises financeiras internacionais. Para ela, esta não é uma justificativa que qualquer governo deva aceitar. A senadora disse ainda que, caso não haja “explicações contundentes” por parte do governo dos Estados Unidos sobre a espionagem ao governo brasileiro, a presidente Dilma Rousseff deve cancelar a viagem programada àquele país. Ela afirmou que as autoridades americanas que se pronunciaram até agora não negaram a espionagem, mas, pelo contrário, a admitiram.

– Entretanto, não deram até agora as explicações que nós esperamos, e não deram por uma simples razão: não há nada, absolutamente nada, que justifique a forma como o governo americano age contra o Brasil e contra vários outros países do mundo – afirmou a parlamentar.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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