Emendas rejeitadas à minirreforma eleitoral poderão voltar no turno suplementar

simone-franco | 04/09/2013, 17h20

Autores de emendas rejeitadas no substitutivo à proposta de minirreforma eleitoral (PLS 441/2012) podem voltar a defendê-las no turno suplementar de votação da matéria, marcado para a próxima terça-feira (10), às 14h, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Quem já anunciou esta disposição foi o senador Pedro Taques (PDT-MT), que vai apresentar destaque para votação de emenda que obriga a divulgação de doadores de campanha antes da realização das eleições.

- O cidadão tem o direito de saber não só o valor, mas quem fez a doação durante a campanha, e não só após a eleição. A identificação é de suma importância para [o eleitor] saber se o candidato está falando ou não a verdade - argumentou Taques.

Entendimento diverso teve o senador Romero Jucá (PMDB-RR), autor do PLS 441/2012. Ele defendeu a manutenção da regra que obriga a divulgação dos doadores de campanha após o pleito. E justificou sua posição não como uma tentativa de "escondê-los", mas de evitar pressão e disputa sobre os financiadores com sua exposição antecipada. As ponderações de Jucá convenceram o relator, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), a rejeitar a emenda de Taques.

O novo capítulo dessa queda de braço deve contar com a participação do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O parlamentar também prometeu pedir destaque para emenda já rejeitada por Raupp que obriga partidos, coligações e candidatos a prestar contas em tempo real das doações em dinheiro recebidas, divulgando os nomes dos doadores; valores doados e gastos cobertos pelos recursos. O descumprimento desta exigência levaria à cassação do respectivo registro pela Justiça Eleitoral.

Suplicy lembrou que essas medidas integram projeto de lei de sua autoria (PLS 280/2012, ainda sem relator designado na CCJ. Por regularem o mesmo assunto, ele pediu a incorporação da proposta como emenda à minirreforma eleitoral. Quando Raupp anunciou a rejeição da sugestão, argumentando que os partidos já prestam contas das doações, Suplicy chegou a reconsiderar a divulgação diária das doações, admitindo que acontecesse apenas às vésperas das eleições.

Uma outra alternativa à prestação de contas diária das campanhas foi apresentada pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Ele sugeriu a veiculação dos recursos doados e dos nomes dos financiadores pelo menos duas vezes antes das eleições. Por outro lado, os senadores Sérgio Petecão (PSD-AC) e Benedito de Lira (PP-AL) observaram que a divulgação prévia dos doadores poderia gerar constrangimento para quem não quer ser identificado antes do pleito.

Cabo eleitoral

A lista de emendas rejeitadas por Raupp inclui ainda sugestão do senador Humberto Costa (PT-PE) para eliminar a contratação de pessoal para a campanha. A intenção de Humberto Costa seria inviabilizar eventual tentativa de compra de votos.

O relator justificou esta rejeição com o acolhimento de emenda da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), impondo limites à contratação de pessoal para trabalhar na rua. Alinhados com Humberto Costa, os senadores Wellington Dias (PT-PI), Aníbal Diniz (PT-AC), Inácio Arruda (PCdoB-CE), além de Taques, protestaram contra a admissão de limites de contratação, reivindicando a eliminação total dos cabos eleitorais pagos. Segundo eles, esta prática é responsável por distorções geradas no processo eleitoral.

Alinhado com Aníbal, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) considerou a minirreforma eleitoral aprovada pela CCJ longe de atender às mudanças no sistema político-eleitoral demandadas pela sociedade. Ambos concordaram que isso passaria pelo fim do financiamento privado às campanhas eleitorais, que não foi eliminado pelo PLS 441/2012.

Jucá e Raupp rebateram as críticas sustentando a minirreforma como um esforço para dar transparência ao processo eleitoral e conferir igualdade aos candidatos em disputa. E observaram que uma reforma mais ampla foi inviabilizada pela falta de tempo para ser implementada ainda nas eleições de 2014.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: