Senadores aprovam ciclo de debates sobre temas das manifestações nas ruas

Iara Guimarães Altafin e gorette-brandao | 25/06/2013, 12h10

Durante quase duas horas de debates, antes do início da análise da pauta da reunião desta terça-feira (25), os senadores da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) apontaram nas manifestações nas ruas ocorridas nos últimos dias uma oportunidade para mobilização de esforços em busca de soluções para problemas que travam o desenvolvimento do país.

Por sugestão dos senadores Jorge Viana (PT-AC) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), a comissão aprovou requerimento para realização de ciclo de debates sobre temas presentes nas mobilizações, referentes à melhoria da qualidade de vida da população, a começar pela mobilidade urbana.

– O que o Brasil exige hoje é uma unidade nacional, política e das instituições. Todo processo de crise propicia duas oportunidades, ou é extremamente positiva ou é extremamente negativa. Nossa responsabilidade é fazer com que esse momento seja muito positivo, que os resultados sejam muito positivos – disse Vanessa Grazziotin.

Viana afirmou que a comissão pode oferecer sua contribuição ao debater as questões evidenciadas nas manifestações das ruas. Segundo ele, os dirigentes e políticos devem assumir a obrigação de não somente ouvir, mas também de fazer com que essa escuta se transforme em atitudes concretas. Ele citou o debate sobre o transporte público como um dos temas relevantes.

- Podemos trazer para cá esse debate sobre o transporte coletivo. Ninguém fala, por exemplo, que em muitas cidades esse é um verdadeiro monopólio de algumas famílias – disse Viana.

Ao abrir a reunião, o presidente da CMA, Blairo Maggi (PR-MT), introduziu a discussão sobre o sentido das manifestações e seus reflexos sobre a agenda política nacional. Para o senador, o país cresceu sem conseguir beneficiar sua população de forma harmônica.

De acordo com Blairo, os brasileiros não são contra os grandes eventos programados para o país. Porém, estão cobrando coerência ao questionar os gastos. Querem explicações pelo emprego de R$ 1,2 bilhão no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, sem que tenham sido resolvidos os problemas dos hospitais.

- É preciso que o Congresso Nacional volte os olhos para coisas simples que estão sendo deixadas de lado – afirmou Blairo.

País caro

Mesmo reconhecendo avanços no poder de compra do salário mínimo no Brasil, Sérgio Souza (PMDB-PR) observou que os trabalhadores gastam muito com transporte e também pagam caro por outros serviços.

– O Brasil é realmente um país caro e é caro porque é burocrático. É caro porque é corrupto. É caro porque tem uma das cargas tributárias mais caras do planeta. É caro porque é ineficiente. E porque é tudo isso? Porque nós políticos somos ineficientes, o Congresso é ineficiente, o Poder Executivo é ineficiente e o Judiciário é ineficiente.

Para Walter Pinheiro (PT-BA), é necessário “agilidade” na interpretação dos acontecimentos. A seu ver, um ponto é inquestionável, apesar dos avanços na renda: a queda na qualidade de vida nas grandes metrópoles. Ele afirma que agora é hora de passar um “pente fino” para ver quais políticas eram válidas, mas esbarraram na burocracia, as que se mostraram inviáveis e aquelas que simplesmente estavam erradas. Também defendeu a radicalização no uso de mecanismos de transparência para coibir a corrupção.

O senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) destacou o chamado da presidente Dilma Rousseff para um grande pacto nacional. Também citou o problema da impunidade, cobrando mais ação do Judiciário.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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