Patriota: Brasil age com firmeza no caso dos torcedores presos na Bolívia

djalba-lima | 04/04/2013, 13h05

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, negou nesta quinta-feira (4) que o governo brasileiro esteja agindo sem a firmeza necessária no caso dos 12 torcedores do Corinthians presos na Bolívia há mais de um mês. Eles respondem pela morte de um torcedor boliviano, atingido por um sinalizador num jogo da Taça Libertadores, em fevereiro. Patriota deu explicações sobre o caso em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

O presidente da CRE, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que visitou os torcedores na semana passada, na cidade boliviana de Oruro, reconheceu o esforço da missão diplomática brasileira na assistência aos brasileiros, mas apontou uma "má vontade" das autoridades bolivianas. Depois de afirmar que não existe, nos autos do processo, evidência da participação dos brasileiros presos na morte do torcedor, Ferraço relatou uma preocupação com a integridade física dos corintianos numa prisão superlotada, com criminosos perigosos.

Respondendo a questionamento do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), Patriota assegurou que a firmeza do governo brasileiro no episódio é "a mais completa" e não há "afrouxamento". O que pode haver, segundo o chanceler, é reserva em dizer publicamente coisas que são encaminhadas pelos canais diplomáticos.

– Há firmeza no propósito e propriedade nas manifestações – esclareceu.

Patriota informou que os advogados dos brasileiros estão tentando um habeas corpus, com a possibilidade de conversão da detenção em Oruro em prisão domiciliar, até a conclusão das investigações e do julgamento.

O chanceler considerou positivas as manifestações de parlamentares e da opinião pública de exigência de respeito aos direitos dos brasileiros, porque ajudam a criar um "contexto favorável" para que as autoridades bolivianas se sensibilizem para o assunto.

Senador boliviano

Patriota considerou essencial que as formas de atuação de cada poder se reforcem mutuamente e não conduzam a um enfraquecimento das estratégias para o desenlace da atuação. Pediu também prudência na associação do caso dos corintianos com a situação do senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado desde o ano passado na embaixada do Brasil na Bolívia.

Para alguns senadores, como o próprio presidente da CRE, o governo de La Paz estaria usando os torcedores como objeto de "barganha política". Sérgio Petecão (PSD-AC) citou rumores de que a Bolívia os utiliza como "moeda de troca", em busca de um possível cancelamento do asilo de Roger Pinto, senador de oposição ao governo de Evo Morales.

Patriota disse que é preciso tratar os dois casos por canais separados. Questionado pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o chanceler disse que o caso de Roger Pinto Molina é mantido sob sigilo pelo governo brasileiro, mas há “conversas bastante pormenorizadas” com as autoridades bolivianas em busca de um salvo-conduto para ele deixar o país. Roger Pinto diz ser perseguido político e correr risco de morte.

Patriota justificou as restrições a visitas ao senador com base em acordos internacionais. Segundo ele, a embaixada brasileira mantém acesso de familiares, advogados e médicos, como recomendam as práticas de asilo diplomático.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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