Randolfe Rodrigues critica plano de privatização do governo

Da Redação | 27/03/2013, 19h35

Em discurso no Plenário nesta quarta-feira (27), o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que as medidas de privatização do governo federal pedem uma reflexão. Para o senador, trata-se de uma escolha política, embora esta escolha não parecesse ser o primeiro projeto do governo.

- Dilma foi eleita com uma forte crítica ao modelo de privatização da década de 90 – lembrou o senador.

Randolfe ressaltou que o programa do governo prevê a privatização de portos, aeroportos, rodovias e usinas de energia, atingindo o valor total de R$ 235 bilhões em concessões para investidores externos. O tempo de contrato, acrescentou, pode chegar a 35 anos, com taxa de retorno superior a 10% ao ano. Ele ainda criticou o fato de o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) oferecer crédito para investidores estrangeiros e não mostrar a mesma facilidade com empresas brasileiras.

Randolfe questionou se não seria melhor oferecer incentivos à indústria nacional para investimentos em infraestrutura. As garantias do estado e os créditos do BNDES, disse o senador, deveriam ser voltados para o investidor nacional. O senador deu como exemplo a Medida Provisória (MP) 595/2012, conhecida como MP dos Portos. Randolfe admitiu que os portos precisam de modernização, mas lamentou que um setor estratégico e lucrativo seja cedido a estrangeiros.

- Há sempre um eufemismo para a privatização: concessão. Antes era mais claro: privatização. Mas, na prática, é a mesma coisa – disse o senador.

Baixo crescimento

Randolfe tmbém lamentou a perspectiva de baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Citando dados da Comissão Econômica para o Caribe e América Latina (Cepal), o senador disse que, em 2013, o Panamá deverá crescer 9,5%,  a Venezuela deve atingir 5% de crescimento, e o PIB do México deve aumentar 4%. O Brasil, no entanto, deve registrar crescimento de apenas 1,6% . De acordo com a Cepal, o Brasil deve ficar somente à frente do Paraguai, que deve decrescer 1,4%. O senador lembrou que, no ano passado, o Brasil cresceu apenas 0,9%.

- Esses números revelam que, apesar de todo o esforço feito pelo governo, a crise econômica chegou a nosso país – lamentou o senador.

Randolfe disse que os remédios usados pelo governo são os mesmo há 20 anos e demonstram esgotamento. Ele alertou que está em curso um forte endividamento das famílias e do governo e criticou a presença de capital estrangeiro em vários setores da economia, como bancos, hospitais, planos de saúde e supermercados.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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