Randolfe: CPI tem de investigar ação da Delta em todo o país

Ricardo Koiti Koshimizu | 14/08/2012, 15h40

Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista do Cachoeira precisam entrar em novo estágio, concentrando-se nas atividades da empresa Delta em todo o país, e não apenas na região Centro-Oeste. A Delta – maior detentora de contratos do PAC, com o governo federal e com diversos governos estaduais – é acusada de envolvimento com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que continua preso. De acordo com a Polícia Federal, a Delta repassava recursos a empresas fantasmas de Cachoeira.

Nesta terça-feira (14), Randolfe reiterou que as atividades ilícitas do esquema de Cachoeira na região Centro-Oeste “são na verdade parte de um todo, e esse todo se chama empreiteira Delta”.

– Se avançarmos as investigações sobre essa empresa, encontraremos o maior esquema de corrupção da história do país – declarou ele.

Ao tratar dos valores que estariam envolvidos, o senador disse que o escândalo do mensalão (cujos suspeitos estão sendo julgados pelo Supremo Tribunal Federal) “é fichinha” quando comparado ao esquema da Delta.

Por sua vez, o relator da CPI, deputado federal Odair Cunha (PT-MG), declarou que está “cada vez mais convencido de que a organização criminosa criada por Cachoeira, que se infiltrou no aparelho de Estado e à qual a Delta serviu, continua atuando”.

Por enquanto, o foco de Odair Cunha se restringe à ação do esquema no Centro-Oeste, mas Randolfe informou que voltará a solicitar a ampliação das investigações para outros estados.

Depoimentos

A CPI marcou para o dia 28 (a data ainda pode ser alterada) audiência com o ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish. Mas, já prevendo a possibilidade de que ele permaneça em silêncio ou ofereça poucas explicações, Randolfe Rodrigues afirmou que é necessário ouvir antes os depoimentos dos outros sócios da Delta; do ex-diretor da Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot; e de Francisco de Assis.

Segundo Randolfe, Francisco de Assis é um contador que teria participado da montagem de empresas laranja e seria “peça central no esquema da Delta”. Uma das principais acusações contra a Delta é que a empresa repassava os recursos recebidos do governo federal e dos estados para empresas de fachada vinculadas a Cachoeira.

Questionado sobre a reconvocação do contraventor, que foi aprovada nesta terça-feira, Randolfe avaliou que “é preciso ter cautela; se Cachoeira falar, pode contribuir para as investigações”.

– Mas não precisamos ter pressa para ouvi-lo. Creio que mais tempo na cadeia fará bem à disposição dele para falar – acrescentou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)