Europa vê Brasil como ‘parceiro para superar a crise’, diz embaixadora

Marcos Magalhães | 12/07/2012, 13h41

A Europa vê o Brasil como “parceiro importante para a superação da crise econômica internacional”, segundo afirmou a ministra de primeira classe Vera Lúcia Barrouin Crivano Machado, cuja indicação para o cargo de chefe de missão junto à União Europeia obteve nesta quinta-feira (12) parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Durante a sua exposição aos integrantes da comissão, a embaixadora indicada observou que, apesar dos duros efeitos da crise sobre o Velho Continente, a União Europeia (UE) continua sendo o maior parceiro comercial do Brasil. No ano passado, as exportações brasileiras para a UE alcançaram US$ 52,9 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 46,4 bilhões. Apesar de admitir que o comércio começa a ser afetado pela crise, a embaixadora classificou o atual desempenho como “extraordinário”.

Ela observou ainda que os países da UE foram o destino de quase um terço dos investimentos realizados por empresas brasileiras nos últimos cinco anos, envolvendo setores como construção, aviação, siderurgia, bebidas e alimentos. Citou o estabelecimento da “parceria estratégica” entre o Brasil e a União Europeia, em 1997, e apontou a cooperação científica como tema prioritário para os próximos anos, devido ao “enorme interesse” de universidades europeias em receber estudantes brasileiros, dentro do programa Ciência sem Fronteiras.

- Quero deixar uma mensagem de esperança, para que os europeus possam superar esse momento difícil e para que aumente a parceria estratégica que temos com a Europa – disse Vera Machado, cuja indicação teve como relator o senador Francisco Dornelles (PP-RJ).

Até o momento, observou a embaixadora, ainda não há perspectivas de recuperação econômica na Europa, onde o desemprego já alcança 11% da população economicamente ativa. Por causa da crise, acrescentou, tem aumentado a xenofobia, com o crescimento da hostilidade aos estrangeiros.

Durante o debate, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) manifestou a mesma preocupação quanto aos efeitos da crise europeia sobre os imigrantes. E o senador Sérgio Souza (PMDB-PR) registrou a manutenção, pelos países europeus, de “fortes subsídios” à sua agricultura, apesar da crise.

O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) protestou contra as barreiras impostas pela União Europeia ao café industrializado no Brasil. Segundo observou, o café solúvel brasileiro enfrenta uma taxação de 9%, enquanto sobre produtos semelhantes do Vietnam e da Indonésia recaem impostos de apenas 3%. Essa medida, alertou, “retira competitividade da lavoura cafeeira brasileira.

Moçambique

Na mesma reunião, a comissão aprovou parecer favorável à mensagem presidencial de indicação da ministra de primeira classe Ligia Maria Scherer para o cargo de embaixadora brasileira em Moçambique e, cumulativamente, junto à Suazilândia e ao Madagascar. A mensagem teve como relator Sérgio Souza.

Excluído o Mercosul, informou a embaixadora, Moçambique é o país que mais recebe programas de cooperação brasileira. Entre os recentes resultados dessa cooperação, ela citou a construção de uma fábrica de antiretrovirais, que está pronta e poderá tornar Moçambique no futuro um país exportador de medicamentos, e a abertura naquele país de um escritório da Fiocruz para toda a África.

Integrante, juntamente com o Brasil, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Moçambique também se transformou, nos últimos anos, em importante destino dos investimentos brasileiros. Entre eles, mencionou a embaixadora, estão os de produção de carvão, pela Vale, e a construção de ferrovias e hidrelétricas, além de planos para a construção de linhas de transmissão de energia.

- A atuação do Brasil na África e em Moçambique é diferenciada. Estamos juntos, gerando empregos para os moçambicanos – afirmou Ligia.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que copresidiu a reunião com o senador Fernando Collor (PTB-AL), ressaltou a importância de ampliação do intercâmbio cultural com Moçambique e defendeu a unidade da língua portuguesa, principalmente na expressão escrita. Ele manifestou ainda preocupação com a ampliação da presença chinesa na África e previu que o mandarim acabará conquistando espaço em vários países africanos.

Acordo Internacional

Ao final da reunião, a comissão aprovou parecer favorável ao projeto de decreto legislativo (PDS 191/2012) que ratifica acordo celebrado com a Guiné Equatorial sobre o exercício de atividade remunerada por parte de dependentes de pessoal diplomático.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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