Pedro Taques denuncia acordo na CPI, pede indisponibilidade de bens da Delta e investigação sobre Geraldo Brindeiro

Da Redação | 24/05/2012, 17h55

O senador Pedro Taques (PDT-MT) denunciou, em Plenário, a realização de “quase que um acordo” entre PT e PSDB para que integrantes dos dois partidos não sejam investigados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) do Cachoeira. Em forte pronunciamento nesta quinta-feira (24), ele também anunciou ter ingressado na Justiça Federal com ação para tornar indisponíveis os bens da Delta Construtora e ingressado no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) com representação contra o ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro, que recebeu dinheiro da Construtora em triangulação financeira.

De acordo com Pedro Taques, a indisponibilidade dos bens da construtora deveria ter sido tomada no âmbito da CPI, mas ele acusou o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e o relator, deputado federal Odair Cunha (PT-MG), de terem feito “quase que um acordo” para não ouvir algumas pessoas ligadas ao PT e ao PSDB.

- Não concordamos com esse tipo de acordo. Como representante do PDT na CPI não participo deste tipo de acordo – afirmou Pedro Taques, para quem a CPI já deveria ter “afastado sigilo bancário e fiscal da construtora e notificado governadores para prestar depoimentos”.

A ação na Justiça Federal, assinada também pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), é uma ação cautelar preparatória para uma ação popular que pede, além da urgência na indisponibilidade dos bens e ativos da empresa, também urgência do bloqueio de arquivamento de alterações societárias da empresa na Junta Comercial do Rio de Janeiro. Pede ainda a nomeação de um interventor judicial para a construtora, “para que ela não possa continuar a dilapidar seu patrimônio, para que obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] que está a realizar não sejam adiadas e que mais de 30 mil trabalhadores não percam seus empregos”. O senador lembrou que a Construtora recebeu quase R$ 4 bilhões do PAC e que parte desse valor foi depositado em contas de empresas fantasmas ligadas a Carlinhos Cachoeira.

Brindeiro

Pedro Taques informou ainda que R$ 200 mil saídos da conta da Delta Construtora acabaram depositados na conta do escritório de advocacia do ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro

- Enquanto procuradores da República, policiais federais e juízes participavam de grandes investigações de uma organização criminosa, que envolve risco de morte para todos, o ex-procurador-geral da República recebe esses valores em seu escritório. Eu, como cidadão e ex-procurador da República, quero saber disso. Não é razoável – afirmou o senador, que anunciou entrar hoje com uma representação no CNMP para investigar a situação.

Pedro Taques disse ser “uma excrescência, uma teratologia jurídica”, a permissão dada pela Constituição para que procuradores da República que ingressaram na instituição antes de 1988 possam advogar. Afirmou que não quer fazer pré-julgamentos, mas o recebimento de recursos oriundos da Delta pelo escritório de Geraldo Brindeiro “é um fato grave”.

- Precisamos saber se estes valores foram recebidos para exercer a advocacia e a que título – afirmou o ex-procurador da República.

Pedro Taques explicou que os valores saíram da Delta, entraram em duas empresas de fachada chamadas Pantoja e Brava, seguiram para a conta do principal contador de Carlinhos Cachoeira e dali R$ 200 mil foram para escritório de advocacia.

Em aparte, o senador Randolfe Rodrigues agradeceu a honra de poder assinar a petição preparada por Pedro Taques e apresentada à Justiça Federal.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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