Integrantes da CPI querem impedir venda da construtora Delta

Da Redação | 10/05/2012, 21h55

Um dos focos de investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, a construtora Delta pode ter sua venda paralisada nos próximos dias. O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) pediu e a Procuradoria-Geral da República endossou o requerimento para que o Ministério Público de Goiás impeça a venda da Delta para a J&F Participações, holding que controla diversas empresas.

Miro disse que a venda poderá impedir a recuperação de recursos públicos desviados pelo esquema de corrupção chefiado pelo empresário Carlos Cachoeira.

- Ainda há inquéritos em aberto, e não sabemos onde isso pode chegar. É melhor que a Delta responda pelos desvios – declarou.

Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), a venda da Delta pode ser uma forma de ocultar pistas.

- Nem sequer houve a quebra de sigilo da Delta, pela CPI ou pela polícia. Ainda não sabemos até onde alcança a corrupção – disse.

Já o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), afirmou que a venda é um negócio privado, que foge ao escopo da CPI.

- Quem comprar a empresa vai ter de responder por esse passivo, não podemos deixar que a operação esconda provas.

Depósitos

No depoimento desta quinta-feira (10) na CPI, o delegado da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo, disse que encontrou depósitos da Delta para as empresas de fachada que lavavam o dinheiro obtido pela organização de Carlos Cachoeira. Para o relator, ficou claro o envolvimento de Cláudio Abreu com o esquema. Ele era diretor da Delta no Centro-Oeste. Odair Cunha, não há dúvidas quanto ao envolvimento do braço goiano da empresa com o esquema de Cachoeira.

Câmara

O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), apresentou requerimento na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para convocar o atual presidente da Delta, Carlos Alberto Verdini; um dos controladores da holding J&F, Henrique Meirelles (ex-presidente do Banco Central no governo Lula); e o atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para que eles deem esclarecimentos sobre a possível transação.

O grupo J&F controla a JBS/Friboi, que, de acordo com Rubens Bueno, fez um empréstimo de R$ 10 bilhões junto ao BNDES, dinheiro que pode estar sendo usado na compra da Delta.

- A Delta está sub judice, e essa compra pode apagar as digitais dos crimes que possam ter acontecido na empresa, inclusive caixa dois.

O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) afirmou que o presidente do BNDES deve ser convocado para dar explicações, já que cerca de 31% do capital da holding J&F é de propriedade do banco.

Com informações da Agência Câmara - Repórteres Marcello Larcher e Pierre Triboli

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)