Senadores pedem a Demóstenes que esclareça novas denúncias de envolvimento com Cachoeira

Augusto Castro | 26/03/2012, 19h22

Em discursos e apartes durante a sessão desta segunda-feira (26), os senadores Jorge Viana (PT-AC), Pedro Taques (PDT-MT) e Ana Amélia (PP-RS) pediram esclarecimentos do colega Demóstenes Torres (DEM-GO) sobre as novas denúncias publicadas pela imprensa que apontam envolvimento dele com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Operação Monte Carlo da Polícia Federal.

- A situação tem se agravado fortemente. É lamentável, porque o senador Demóstenes é uma pessoa que conquistou o respeito de uma parcela muito grande do nosso país, por sua atuação parlamentar, pela maneira contundente como se posiciona nesta Casa e na sua vida pública. Mas agora ele está sendo questionado – disse Jorge Viana.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) também abordou o caso em Plenário, afirmando que investigações já estão em curso, e que Demóstenes não pode ser condenado sem provas. Mas concordou que todas as denúncias necessitam de investigação.

A revista Carta Capital do último fim de semana acusou Demóstenes de receber recursos do esquema de exploração de jogos ilegais de Cachoeira. O jornal O Globo acusa o senador de pedir dinheiro ao contraventor. Semanas atrás, Demóstenes foi acusado de receber presentes e de trocar cerca de 300 telefones com Cachoeira, conforme informações da Polícia Federal.

Pedro Taques afirmou que “o caso é grave” e que Demóstenes precisa prestar mais esclarecimentos ao Senado e à sociedade.

- Este caso do senador Demóstenes – e eu disse isso a ele com o respeito do conhecimento que tenho do seu trabalho há mais de 16 anos – é grave e merece esclarecimento – disse Taques.

Ana Amélia também cobrou explicações de Demóstenes e pediu investigações sobre os esquemas comandados por Cachoeira. Jorge Viana fez coro aos pedidos de mais informações. Taques e Alvaro Dias concordaram que Demóstenes merece respeito de seus pares e não pode ser prejulgado.

- Mas a prudência recomenda que aguardemos a conclusão do inquérito para qualquer manifestação posterior – acrescentou Alvaro.

Jorge Viana disse que toda denúncia precisa ser encarada com cautela. Segundo o senador pelo Acre, vários integrantes do PT já sofreram no passado por serem “condenados antecipadamente apenas com informações baseadas em denúncias da imprensa, antes das investigações oficiais serem concluídas”.

Na Câmara dos Deputados, o deputado federal Delegado Protógenes (PCdoB-SP) apresentou requerimento pedindo a criação da CPI dos Caça-Níqueis. A Mesa Diretora da Câmara analisará a proposta, cujo objetivo é criar uma comissão para investigar as denúncias de envolvimento de parlamentares com Cachoeira.

Na semana passada, o líder do bloco de apoio ao governo, senador Walter Pinheiro (PT-BA), apresentou à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedido de informações a respeito de parlamentares que possam estar envolvidos com o empresário do ramo de jogos.

Também na semana passada Taques e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) apresentaram requerimento para que o presidente do Senado, José Sarney, solicite ao Procurador-Geral da República informações a respeito da Operação Monte Carlo e do suposto envolvimento de parlamentares.

Em pronunciamento no início do mês, Demóstenes negou ter cometido qualquer irregularidade em suas relações com Cachoeira. O senador disse que não é investigado pela prática de nenhum ilícito e exigiu uma investigação sobre si mesmo. Em apartes, 44 senadores prestaram solidariedade a Demóstenes.

- Daqui da tribuna deste Plenário, posicionei-me dando um voto de confiança ao senador Demóstenes e venho solicitar que ele volte à tribuna em respeito não à minha pessoa, mas em respeito aos brasileiros que o admiram, em respeito à opinião pública nacional e em respeito a este plenário. Que ele possa, o quanto antes, voltar à tribuna e posicionar-se sobre os novos fatos – acrescentou Jorge Viana.

Na sexta-feira (23), em sua conta no Twitter, Demóstenes afirmou que os informantes da revista Carta Capital “estão enganados”: “De todos os absurdos publicados contra mim, os mais danosos estão no site da Carta Capital”, escreveu. No mesmo dia, Demóstenes declarou não integrar nem compactuar “com qualquer esquema ilícito” ou organização ilegal.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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