Sessão especial celebra Campanha da Fraternidade de 2012

Iara Guimarães Altafin | 19/03/2012, 13h55

Sessão especial realizada nesta segunda-feira (19) em Plenário celebrou a Campanha da Fraternidade de 2012, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o tema “Fraternidade e Saúde Pública” e o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra”. Na abertura da homenagem, o presidente do Senado, José Sarney, conclamou a todos a agir pela melhoria do atendimento à população.  

– A Campanha da Fraternidade de 2012, se estendendo por todas as paróquias do Brasil e levando a autoridade moral da Igreja, será um momento decisivo na consciência nacional em relação à saúde pública. A ela, não bastam palavras de louvor, mas, sim, a nossa adesão a essa grande causa – afirmou, ao destacar matérias que tramitam no Congresso propondo soluções para problemas no sistema público de saúde.

Investimentos

Autor do requerimento para realização da sessão especial, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) também destacou a capacidade de mobilização da campanha e o compromisso da CNBB com a promoção do desenvolvimento do país.

– O tema confirma a sensibilidade social e o compromisso da Igreja Católica com a plena cidadania, renovado a cada ano em campanhas memoráveis em defesa da Amazônia e dos povos indígenas, como exemplo. É um convite à ação e à reflexão, dirigido a todos os cristãos – disse.

Para Ricardo Ferraço, é urgente a necessidade de ampliação dos investimentos no setor.

– É impossível garantir a qualidade de um sistema de saúde dessa dimensão e dessa complexidade com investimentos da ordem de 3,5% do Produto Interno Bruto brasileiro. Num ranking feito pela Organização Mundial da Saúde, o Brasil, que é a sexta economia do planeta, fica abaixo de outros 71 países no quesito investimento público em saúde.

Controle Externo

Em nome da CNBB, o padre Luiz Carlos Dias, secretário executivo da Campanha da Fraternidade, agradeceu a homenagem e reafirmou que “a saúde pública não vai bem”, apesar de avanços como a redução da mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida no país.

O secretário também destacou empenho da Igreja Católica pela maior participação da população no controle externo da saúde, incentivando a atuação em conselhos municipais. Ao lado padre Luiz Carlos Dias, também compôs a Mesa da homenagem Carlos Matias, vice-reitor da Universidade do Legislativo (Unilegis).

Corrupção

Ao saudar a campanha promovida pela CNBB, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) apontou a corrupção como a principal causa da situação precária verificada nos hospitais públicos do país.

Para ele, o desvio de recursos tem impedido a estruturação dos serviços nos pequenos municípios, resultando na concentração de médicos nos grandes centros.

Também o senador Pedro Simon (PMDB-RS) apontou a corrupção como responsável pelos problemas de atendimento à população.

– Lá fora, a dor e a tristeza estão estampadas nos rostos de quem, muitas vezes, está por um fiapo de vida. Lá dentro, entre quatro paredes, o deboche de quem parece não ter mais nem mesmo um fiapo de ética e de humanidade – disse, ao comentar reportagem do Fantástico, da Rede Globo, mostrando esquema de fraudes em licitações nos serviços públicos.

Simon pediu à presidente Dilma Rousseff que apure as denúncias e puna os responsáveis. Também Alvaro Dias (PSDB-PR) cobrou providências para acabar com o que ele chamou de banalização da corrupção, fruto da impunidade.

– É preciso ressuscitar a capacidade de indignação do povo brasileiro – observou Alvaro Dias, ao pedir aos colegas senadores que apoiem a criação de uma comissão parlamentar mista de inquérito para investigar desvios de recursos na saúde pública.

Na opinião do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), saúde não é apenas uma questão social, mas uma questão ética.

– Dependendo da sua renda, você pode ter uma vida mais longa ou uma vida mais curta. Essa imoralidade não pode continuar – disse, ao também incluir a educação como uma questão ética.

Para ele, o Brasil deve lutar para acabar com as desigualdades na saúde e na educação, condição para se tornar “um país decente”.

Veja a página da CNBB sobre a Campanha da Fraternidade 2012

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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