Em discurso de despedida da liderança, Jucá recebe elogios do governo e da oposição

Da Redação | 14/03/2012, 21h20

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) fez nesta quarta-feira (14) o discurso de despedida do cargo de líder do governo, que ocupou pelos últimos 12 anos, durante os governos dos presidentes Fernando Henrique, Lula e Dilma Rousseff. Jucá disse que pautou sua atuação pelo compromisso com a governabilidade, diálogo e respeito aos parlamentares.

- Procurei exercer o mandato respeitando os partidos, os membros da oposição. O trabalho do líder do governo é construir convergências, olhar a circunstância de cada um, [entender] como poderíamos dar um passo a mais, trabalhando para melhorar os textos que chegam ao Senado. Eu entendo que todos os senadores querem o melhor para o país – disse o senador, que prometeu dedicação total à relatoria-geral do Orçamento da União para 2013 e aos interesses do estado de Roraima.

Romero Jucá disse ter reagido com humildade à mudança e à decisão da presidente da República de implantar o sistema de rodízio na liderança do governo. Ele listou as matérias mais importantes para a agenda governamental que foram aprovadas pelo Senado sob sua atuação, já no mandato de Dilma. Entre elas, destacou a política de reajustes do salário mínimo, a Lei das Competências Ambientais, o novo Código Florestal, novos critérios de distribuição dos royalties, a regulamentação da Emenda Constitucional 29, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec) e a renovação da Desvinculação de Receitas da União (DRU).

O ex-líder aproveitou para agradecer o presidente do Senado, José Sarney, pelo apoio. Aproveitou para salientar a importância do ex-presidente da República na história do Brasil e na sua vida.

- Indicou-me para [comandar] o projeto Rondon, a Funai e o governo de Roraima. O presidente Sarney ensejou a minha carreira política – disse.

Sarney, por sua vez, disse ter testemunhado, como presidente do Senado, a capacidade de Jucá de operar verdadeiros “milagres”, obtendo consensos entre governistas e oposicionistas e possibilitando votações antes tidas como impossíveis. Para Sarney, o espírito público e a disposição de Jucá, de ouvir todas as correntes políticas e harmonizar posições antagônicas, levaram o Senado a melhorar inúmeras leis aprovadas nos últimos 12 anos.

- Não é o amigo, mas o presidente do Senado que testemunha o que aqui realizou Romero Jucá como líder do governo – declarou Sarney, lembrando também ter tido, como presidente da República, a “valiosa colaboração” de Jucá.

Continuidade

Durante o pronunciamento, Jucá foi interrompido por manifestações de elogio de 22 senadores – da oposição e do governo. Eduardo Braga (PMDB-AM), que o substitui na liderança, ressaltou que pretende fazer um trabalho de continuidade.

- Seu trabalho como líder é um exemplo a ser seguido, na relação com os companheiros da base aliadas e da oposição, ou não teria ficado 12 anos no cargo. Eu chego pra fazer o trabalho de continuidade, com o apoio do presidente Sarney - afirmou.

Jucá agradeceu aos senadores que passaram pela Presidência do Senado, nos últimos 12 anos, “contribuindo para que a liderança pudesse trabalhar”. Ele citou, além de Sarney, Antonio Carlos Magalhães (1927-2007); Edison Lobão, hoje ministro das Mins e Energia; e Renan Calheiros (AL), que hoje lidera o PMDB. Este último aproveitou para manifestar confiança no trabalho de Jucá na relatoria do Orçamento.

República

O senador Fernando Collor (PTB-AL) classificou Jucá como “um dos mais valorosos senadores que a República já teve”. Atribuiu ao ex-líder do governo grande parte do êxito dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Elogiou o governo de Dilma, mas aconselhou “consideração e atenção” para com o Poder Legislativo. Collor destacou o papel e a competência de Jucá, ao articular apoio ao governo, e observou que ele mesmo, como presidente, errou em não dar o valor devido aos deputados e senadores.

- FHC e Lula devem muito a Vossa Excelência. O resultado do meu afastamento do Legislativo redundou em meu impeachment. A classe política brasileira carece de algo fácil: a consideração e a atenção – disse Collor a Jucá, de quem, como integrante da base, disse sentir-se “órfão”.

O senador do PTB, porém, defendeu apoio ao novo líder, Eduardo Braga.

Gratidão

O senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que Lula é grato a Jucá. Paim sublinhou que nos momentos de crise do governo Lula, especialmente no primeiro mandato, o ex-líder chegou a ser o único senador a defender o governo em Plenário, quando mesmo os senadores do PT se ausentavam. O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) também reconheceu a importância de Jucá para o sucesso do governo de Lula.

- Na hora difícil, em que o governo enfrentava turbulências e as manchetes eram todas negativas, Vossa Excelência soube articular a base para levar Lula a ter êxito – afirmou, lembrando também que “o líder do governo abre as portas dos ministérios” aos parlamentares de todos os partidos.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) reconheceu as dificuldades das tarefas de líder do governo. Jucá, lembrou o parlamentar goiano, somente conseguiu ficar tanto tempo no cargo por ter agido com habilidade. Colega de partido, o senador José Agripino (RN) afirmou que Jucá nunca se exaltou, sempre manteve o respeito, e “entrega a mercadoria prometida”, referindo-se aos acordos políticos que articula.

Também manifestaram apreço a Jucá os senadores Vital do Rêgo (PMDB-PB), Francisco Dornelles (PP-RJ), Casildo Maldaner (PMDB-SC), Armando Monteiro (PTB-PE), Valdir Raupp (PMDB-RO), Marta Suplicy (PT-SP), Gim Argelo (PTB-DF), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Alfredo Nascimento (PR-AM), Eduardo Suplicy (PT-RS), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Lídice da Mata (PSB-BA), Ana Amélia (PP-RS) e Eduardo Lopes (PRB-RJ).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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