Benedito de Lira aponta baixa qualidade da educação pública e pede mais recursos para o Nordeste

Da Redação | 29/02/2012, 21h37

O senador Benedito de Lira (PP-AL) analisou a situação da educação brasileira, em discurso nesta quarta-feira (29). Para o senador, é preciso não só aumentar os investimentos, especialmente nos estados pobres, como também promover várias mudanças relacionadas aos métodos de ensino. Ele mencionou a participação do ministro da Educação Aloizio Mercadante, em debate na Comissão de Educação, onde foram apresentados os planos de ação da pasta. Apesar de elogiar a exposição de Mercadante, Benedito de Lira apontou para a baixa qualidade do ensino público, lembrando que o futuro do país depende de uma mudança nesse quadro.

- Tenho visto isso com muita tristeza, particularmente no meu estado de Alagoas: crianças já na idade escolar, fazendo a sua 7ª série, a sua 8ª série pelo ensino básico e que, lamentavelmente, não sabem ler. Acabou aquela época que você aprendia - disse o parlamentar.

Ele citou dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo os quais em 2007 o Brasil investiu, por estudante, em todo ciclo do ensino fundamental, o valor de US$ 19.500, enquanto países da Europa, os Estados Unidos, o Chile, o México e o Japão investiram pouco mais de US$ 94 mil. 

Estados pobres

Benedito de Lira observou que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem provocado uma distorção: os estudantes de estados mais pobres não têm conseguido conquistar as vagas nas universidades públicas em suas próprias regiões. No curso de Medicina, informou Benedito de Lira, os estudantes de Alagoas não têm alcançado mais do que 10% das vagas das universidades públicas oferecidas. O restante das vagas, disse, são ocupadas por candidatos das regiões Sul e do Sudeste.

O parlamentar lembrou que o Ministério da Educação desenvolve, desde 2003, o programa Brasil Alfabetizado, com foco na alfabetização de jovens, adultos e idosos. O programa, explicou, atende prioritariamente 1.928 municípios, que apresentam taxa de analfabetismo igual ou superior a 25%.

- Vale ressaltar que aproximadamente 90% desse total desses municípios estão localizados na região Nordeste - observou.

Para ele, tais fatos mostram a necessidade de modificar os critérios do Fundo de Participação dos Estados (FPE), de forma a aumentar os recursos destinados às regiões mais pobres.

- Precisamos lutar mais, brigar no bom sentido, reivindicar mais, para que Nordeste e Norte saiam dessa situação humilhante ao longo de tantos séculos, ou continuaremos sendo uma região e um país de miseráveis - afirmou.

Tabuada

Benedito de Lira também criticou o método de ensino que dá mais ênfase à inclusão digital e ao manuseio de computadores do que ao aprendizado de matérias básicas. Para ele, o aluno acaba dependente da tecnologia.

- Hoje o estudante é mais digital do que convencional. Na época em que eu estudei, tinha tabuada, pela qual você aprendia a fazer as quatro operações com absoluta facilidade. Hoje você usa uma máquina. Eu não posso compreender que possa haver avanço nesse sistema de educação - criticou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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