Mário Covas é lembrado pelos dez anos de sua morte

Da Redação | 29/03/2011, 17h06

O Plenário do Senado homenageou nesta terça-feira (29), na primeira parte da sessão, a memória do ex-senador e governador Mário Covas, decorridos dez anos de sua morte. A homenagem foi solicitada em requerimento que teve como primeira signatária a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). Além de senadores e deputados, a sessão contou com a presença de diversas autoridades, entre elas o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; o deputado estadual e secretário do Meio Ambiente de São Paulo, Bruno Covas, neto do homenageado e representante da família; e do ex-governador de São Paulo José Serra.

Primeira a falar na homenagem, Marisa Serrano ressaltou que o homenageado demonstrou ao Brasil que é possível pautar a vida pública pela ética. Decorridos dez anos de seu desaparecimento, "Mário Covas continua a ser uma das mais importantes referências éticas no Brasil".

Marisa Serrano afirmou que Mário Covas deixou um legado de moralidade, correção, franqueza, força e firmeza de caráter. Lembrou da participação do homenageado na luta pela anistia política e na campanha pelas Diretas Já. Também destacou sua atuação na Assembléia Nacional Constituinte e na fundação do PSDB, partido pelo qual se candidatou na primeira eleição para presidente do Brasil após a redemocratização do país.

Pouco antes, ao abrir a sessão, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) fez um breve relato biográfico do homenageado. A senadora lembrou que o apoio de Covas foi fundamental para sua eleição a prefeita de São Paulo, em 2000. Ela relatou que Covas, já doente, postergou sua internação para comunicar oficialmente seu apoio à candidatura dela, em segundo turno.

- Acredito que as divergências partidárias não poderiam jamais servir para diminuir o homem por trás da liderança política - afirmou a parlamentar.

Retrato

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) lembrou que, nos últimos oito anos, como governador de Minas Gerais, manteve na biblioteca do Palácio das Mangabeiras uma foto de Mário Covas. O parlamentar disse que, ao lado de uma foto de seu avô Tancredo Neves, a imagem de Covas foi "inspiração permanente" para as decisões decorrentes de seu mandato frente ao povo mineiro.

- Acredito que, assim como Tancredo, os exemplos de Covas continuam a influenciar a formação de novos políticos e de novos administradores Brasil afora - afirmou.

Aécio disse que, ao fundar o PSDB, Covas "sonhava com um partido que refletisse na sua postura a indignação da população cansada da corrupção e da incompetência do estado nacional". Lembrou que, para Mário Covas, a enorme concentração de renda existente no país era um escândalo e que seu custo alto custo era a democracia não ser "um valor consensual e intocável" da sociedade brasileira.

Aécio lembrou ainda quando Mário Covas passou apenas 30 minutos em Brasília, tendo vindo à capital apenas para apoiar sua candidatura à presidente da Câmara dos Deputados.

- Virou as costas, voltou para o aeroporto, retornou para São Paulo, os questionamentos acabaram e nossa campanha foi vitoriosa. E busquei, naqueles dois anos, honrar obviamente a história e os preceitos do PSDB que nasciam, mas, em especial, a confiança do governador Mário Covas - afirmou.

O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) lembrou que Mário Covas, em 1987, defendeu que o então MDB tivesse um líder autônomo para a Assembleia Nacional Constituinte. Luiz Henrique era deputado e líder do partido na Câmara e disputou com Covas, então senador. Nenhum deles obteve a maioria dos votos e uma nova eleição seria convocada para o dia seguinte.

- Eu tinha condições de vencer no segundo turno, porque 14 deputados que haviam assumido o compromisso de votar em mim, não haviam chegado naquela manhã e, certamente, estariam no dia seguinte. O que fiz eu? Disse ao presidente Ulysses Guimarães: o Mário ganhou, e vou sacramentar isso. E antes que ele me seduzisse a não fazê-lo, levantei o braço de Mário Covas e aclamei-o como líder na Constituinte. Aquela foto frequentou as manchetes de todos os jornais do dia seguinte. Por que levantei o braço de Mário Covas? Por que o aclamei eleito no primeiro turno, quando poderia ganhar no segundo? Porque o seu discurso, claro, cristalino, forte, coerente, interpretava a vontade da maioria da bancada do partido na Constituinte - disse Luiz Henrique.

Ele também destacou a atuação de Mário Covas como gestor público: em seis anos, conseguiu transformar um déficit que representava 21,7% do orçamento paulista num superávit primário de R$ 1,5 bilhão.

Retidão

O presidente do PSDB, deputado e ex-senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), destacou a grande capacidade administrativa de Mário Covas. De acordo com o deputado, embora Covas tenha empreendido, no governo de São Paulo, um forte arrocho e um forte ajuste fiscal, ele também olhou para os mais pobres, tendo lançado programas que revolucionaram a periferia de São Paulo.

De acordo com o deputado, Covas era e foi, para sua geração, "um político limpo, um político que honrava a palavra, um político que fazia o discurso e que, no governo, cumpria o discurso que fazia". Enfatizou que Covas "nunca se dobrou às pressões, nem aos modismos, nem a conveniências conjunturais; sempre foi estrutural, firme, reto".

O líder do DEM, senador José Agripino (DEM-RN), disse ter vindo correndo para o Plenário para poder participar da homenagem. Destacou que Covas recuperou, enquanto governador de São Paulo, as finanças do estado, que estava em situação pré-falimentar. Agripino afirmou que Covas "foi uma referência, ele foi uma figura singular, um modelo de homem público, de competência, de probidade, de seriedade e de caráter".

Último a falar na homenagem a Mário Covas, o presidente do Senado Federal, senador José Sarney (PMDB-AP), disse que sempre teve uma grande admiração por Mário Covas, tendo com ele compartilhado dois mandatos no Senado. Conheceram-se como deputados federais, em 1962. De acordo com José Sarney, Mário Covas "era um homem que tinha uma cultura profunda e, ao mesmo tempo, se aprofundava nos debates". Manifestava a todos "sua personalidade brilhante, seu patriotismo, sua coragem, sua bravura cívica".

- Portanto, é com grande honra que presido esta sessão, congratulando-me com o PSDB pela presença sempre presente, simbólica, do seu partido, na figura de Mário Covas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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