Aprovado protocolo que inclui a Venezuela no Mercosul

Da Redação | 15/12/2009, 21h43

Depois de meses de debates, audiências públicas e de uma série de tentativas frustradas de votação da matéria, o Plenário do Senado finalmente aprovou, nesta terça-feira (15), por 35 votos a 27, o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul (PDS 430/08). A matéria vai à promulgação. O texto do acordo, firmado em Caracas em 4 de julho de 2006 pelos presidentes dos países do Mercosul, ainda precisa ser aprovado pelo Congresso do Paraguai.

Após cinco adiamentos, motivados pela expectativa de ausência do número regimental necessário à aprovação da matéria, o governo colocou o projeto em votação,conforme acordo firmado na semana passada, a partir da garantia de quórum por parte da oposição. O placar apertado expressou a polêmica em torno do tema - na última quarta-feira (9), o debate, gerado especialmente pelas críticas à postura antidemocrática do governante da Venezuela, Hugo Chávez, durou cerca de seis horas.

Durante o encaminhamento da votação pelos líderes, nesta terça, a polaridade de opiniões voltou a se manifestar. Relator do voto em separado aprovado na Comissão de Direitos de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), favorável à adesão, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR) disse que a entrada da Venezuela no bloco representava um passo importante no sentido da ampliação da democracia e dos direitos humanos na região.

Já o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) apresentou argumentos políticos e econômicos para justificar a posição contrária à adesão, como havia feito na última semana. Em sua avaliação, além de violar a cláusula democrática do Mercosul ao cercear a liberdade de imprensa, por exemplo, Chávez poderia colocar em risco um bloco econômico "já agonizante".

 Há um fluxo de comércio muito importante entre os dois países, mas a Venezuela não precisa entrar no Mercosul para manter isso. Não precisaríamos comprar esse desgaste político - disse.

Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) disse que, em sua opinião, a Venezuela trará ao Mercosul mais problemas que vantagens. Ele acrescentou que, durante o debate na comissão, ficou claro que "a Venezuela não preencheu até o momento todos os requisitos técnicos para entrada no Mercosul". 

Isolamento 

José Agripino, líder dos Democratas, disse temer que, com a entrada da Venezuela, o mercado comum possa "se dissolver pelo isolamento". Ele observou que Chávez inibiu a oposição parlamentar e obteve, assim, maioria no Congresso para garantir aprovação dos projetos de seu interesse.

 Estamos absorvendo um governo que pretende se eternizar - alertou.

Por sua vez, o líder do PCdoB, Inácio Arruda (CE), disse considerar a data "histórica", já que a adesão da Venezuela representaria mais democracia e mais liberdade para a América Latina.

 Vai permitir que os trabalhadores dos países tenham uma legislação comum. Existem diferenças no processo político de cada país, e isso deve ser respeitado. O presidente Chávez deseja construir em seu país o socialismo do século XXI - afirmou.

Aloizio Mercadante (SP), líder do PT, observou que "o isolamento político não resolve os problemas entre as nações".

 Não estamos fazendo uma avaliação do governo Chávez, porque os governos passam, mas a integração econômica, política e cultural vai ficar. O isolamento será pior para a causa democrática na Venezuela - disse.

Após a fala dos líderes, vários senadores favoráveis e contrários à adesão da Venezuela se sucederam na tribuna.

Raíssa Abreu / Agência Senado

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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