Antropólogo defende leis que beneficiem povos indígenas

Da Redação | 14/07/2008, 20h04

Para o antropólogo Ronny Velásquez, professor da Universidade Central da Venezuela, a colonização européia impôs à região amazônica uma "cultura ocidental" que acabou por esconder a cultura dos povos indígenas. Por isso, ele defendeu, durante a reunião do Parlamento Amazônico (Parlamaz) realizada nesta segunda-feira (14), em Brasília, a elaboração de leis que beneficiem esses povos.

Como exemplo, Velásquez lembrou que a constituição da Venezuela possui um capítulo sobre os direitos dos povos indígenas e que, além disso, esse país tornou oficiais várias línguas indígenas. Ele também destacou que a Constituição brasileira, ao conter artigos sobre os direitos dos povos indígenas que existem no Brasil, foi fundamental para o aumento dessa população ao longo dos últimos anos.

- Temos de respeitá-los, compreendê-los e valorizá-los, pois eles possuem uma cultura milenar - afirmou ele.

O antropólogo criticou o fato de que debates sobre a região amazônica, como o que o Parlamaz está realizando nesta semana, nem sempre contam com a participação de representantes indígenas.

- Onde estão eles neste evento? Por que não lhes perguntamos o que querem? - questionou ele, acrescentando que "os povos indígenas deveriam estar nesses encontros para falar de temas como desmatamento, produção de soja, arroz e cana, por exemplo".

Velásquez disse ainda que "a cultura ocidental vê a Amazônia apenas como um lugar a ser explorado, devido a seus recursos e a sua biodiversidade, e foi dominando a região sem se importar com os seres humanos que estão lá, inclusive matando-os".

- E continuamos, hoje, a atuar como conquistadores - declarou ele, ao comentar as tentativas de exploração econômica da região que, segundo o professor, ignoram os interesses indígenas.

Para Velásquez, o desenvolvimento econômico da Amazônia deveria ser feito a partir do diálogo com esses povos. E, ao recordar que existe hoje, na Venezuela, um Ministério para os Povos Indígenas, ressaltou que, "sem poder político, não se chega às grandes decisões do Estado".

A reunião do Parlamento Amazônico (Parlamaz), iniciada nesta segunda-feira, está sendo sediada pelo Congresso Nacional, no prédio do Interlegis, e continua até quarta-feira (16).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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