Inflação dentro da meta por dois anos seguidos é fato inédito no país, observa Meirelles

Da Redação | 20/12/2006, 17h15

Em audiência na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), nesta quarta-feira (20), o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse que a inflação de 2006 deve fechar em 3,02%, de acordo com projeção "consensual" do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a taxa é estimada em 2,59%.

Meirelles observou que os preços estão se comportando de acordo com os objetivos da política monetária. A meta de inflação deste ano é de 4,5% (admitindo dois pontos percentuais para cima ou para baixo). O presidente do BC salientou ainda que, desde o ano passado, o comportamento dos preços está de acordo com as metas fixadas.

- É uma situação positiva e inédita dentro da história do país - disse

A audiência na CMO foi organizada em conjunto com as comissões de Assuntos Econômicos; e Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle,do Senado; Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; Finanças e Tributação; e Fiscalização Financeira e Controle, da Câmara dos Deputados.

Na reunião, o presidente do BC também destacou que a evolução das contas correntes tem sido favorável, inclusive acima das expectativas do governo. Informou que o saldo da balança comercial continua a crescer e foi de US$ 45,4 bilhões este ano, com exportações superiores às importações. Para Meirelles, esse número evidencia o dinamismo da economia brasileira.

Reservas

Até o início deste mês, de acordo com o presidente do BC, as reservas internacionais líquidas do país somaram US$ 83,4 bilhões. Em 2003, essas reservas eram de US$ 15,9 bilhões. Esse incremento, conforme assinalou, diminui substancialmente a vulnerabilidade externa do Brasil. Meirelles observou também que a dívida externa total do país tem caído de forma consistente, de um patamar de 35,9% sobre as exportações em 2000 para 9,1% atualmente.

Parlamentares apontaram equívocos na política cambial, tida como responsável por problemas vividos no agronegócio, em decorrência da apreciação do real frente ao dólar. O presidente do BC afirmou, no entanto, que esse segmento já está se recuperando dos prejuízos. Para ele, a política de câmbio livre é a mais adequada, salientando o exemplo mal-sucedido de países onde foram feitas tentativas "artificiais" de administração das taxas.

Sobre o mercado de trabalho, Meirelles informou que, no biênio 2005/2006, foram criados 2,8 milhões de empregos no país. Outro indicador do bom momento da economia, segundo ele, é revelado pelo crescimento da massa salarial. Depois de cair em 2003, em função do ajuste feito devido à crise cambial, a massa salarial voltou a crescer e, entre janeiro a outubro deste ano, alcançou uma evolução de 6,4% sobre igual período do ano passado.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) registrou a ausência de informações sobre os encargos das dívida pública na apresentação de Meirelles. Revelou que obteve dados juntos aos assessores que acompanhavam o presidente do BC que indicam, como observou, aumento na relação entre os encargos e o Produto Interno Bruto (PIB) nos dois últimos anos, na comparação com 2004, quando o percentual foi de 7,26%. Depois de informar que, em 2006, a relação sobre o PIB será de 7,89% (para encargos projetados em R$ 158,5 bilhões), o senador cobroua aceleração da queda dos juros, fator de pressão sobre a dívida.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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