De acordo com relatório, tudo o que CPI investigou se relaciona com as casas de jogos

Da Redação | 08/06/2006, 17h24

De acordo com o relatório final apresentado pela CPI dos Bingos nesta quinta-feira (8), tanto as práticas ilegais ocorridas na Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj) e na Caixa Econômica Federal, como os assassinatos dos prefeitos de Campinas e Santo André, os supostos esquemas de corrupção montados em Ribeirão Preto, o tráfico de influência promovido pelos ex-assessores do ex-ministro Antonio Palocci e as atividades do ex-presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, teriam conexões diretas ou indiretas com os empresários do ramo de jogos. Em todos os casos estariam envolvidas sempre as mesmas pessoas.

Garibaldi Alves destacou relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) em que o Banco Bradesco acusa Okamotto, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Sebrae), de movimentar na conta corrente de sua empresa, a Red Star, R$ 645 mil entre maio de 2002 e agosto de 2005. A movimentação é superior à compatível com sua renda. A CPI não pôde investigar Okamotto por não haver obtido autorização judicial para a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.

O bicheiro Carlos Augusto Ramos, mais conhecido como Carlinhos Cachoeira, e o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz estariam relacionados tanto a fraudes em licitações da Loterj como a arrecadação de recursos para a campanha eleitoral do PT em 2002 e pressões para que o governo legalizasse os bingos. Ambos também teriam participação em fraudes envolvendo contratos da Caixa com a multinacional Gtech, que presta serviços de processamento de loterias.

Rogério Buratti, ex-assessor do ex-ministro Antonio Palocci, também estaria envolvido nas supostas negociações fraudulentas entre a Caixa e a Gtech, e ainda estaria relacionado ao esquema de corrupção praticado pela chamada "máfia do lixo" em Ribeirão Preto durante a gestão de Palocci como prefeito. Buratti e outros supostos integrantes dessa "máfia", como Ralf Barquete, Juscelino Dourado e Vladimir Poleto, (todos também ex-assessores de Palocci) também teriam praticado tráfico de influência junto a órgãos do governo federal, realizando encontros numa mansão em Brasília. Empresários de bingos poderiam estar entre os aqueles que negociaram com o grupo.

O assassinato do então prefeito de Santo André (SP) em 2002, Celso Daniel, teria uma importante conexão com o mundo dos jogos de azar: Garibaldi afirma em seu relatório que os depoimentos coletados durante as investigações da CPI comprovam que Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, esteve na casa de João Arcanjo Ribeiro, conhecido como Comendador, para tratar do seqüestro do então prefeito de Santo André, Celso Daniel. O senador ressaltou que o Ministério Público de São Paulo está conseguindo provar a ligação entre o esquema de corrupção praticado no município e Arcanjo.

Já o então prefeito de Campinas, Toninho do PT, teria sido assassinado por incomodar interesses de pessoas envolvidas com corrupção na administração da prefeitura e o homicídio teria sido tramado, de acordo com apuração da CPI, dentro de uma casa de bingo.

Essas conclusões são usadas no texto para embasar uma das principais teses do relatório, a de que todas as investigações feitas pela comissão se relacionam ao fato determinado que motivou a criação da CPI: a suspeita de que as casas de bingo são usadas para realizar lavagem de dinheiro.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)