CPI foi requerida em março de 2004

Da Redação | 08/06/2006, 13h34

Foi o senador Magno Malta (PL-ES) que, em março de 2004, requereu a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. Contrário à legalização de qualquer tipo de jogo no país, o senador sempre desconfiou que as casas de bingo funcionavam como um canal para a lavagem de dinheiro, além de manterem estreitas ligações com o crime organizado.

A intenção do senador de criar uma CPI para investigar as casas de bingo ficou engavetada por mais de um ano. A proposta de Magno Malta começou a decolar somente em meados de 2005, quando foi divulgado o teor do vídeo em que o ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República Waldomiro Diniz aparece pedindo propina ao empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Diante das denúncias, a oposição insistia para que a CPI fosse instalada de imediato, enquanto a base do governo tentava procrastinar a instalação da comissão. Depois de muita discussão e manobras políticas, coube ao Supremo Tribunal Federal (STF) bater o martelo e autorizar o funcionamento da nova CPI. No dia 29 de junho de 2005, o presidente eleito do colegiado, senador Efraim Morais (PFL-PB), realizou a primeira reunião.

O acúmulo de trabalho - incluindo depoimentos, acareações, viagens e análise de documentos, com destaque para os referentes à quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal de supostos envolvidos nos fatos apurados pelo colegiado - levou a CPI a prorrogar seu funcionamento por duas vezes. Oficialmente, o prazo de encerramento dos trabalhos é no próximo dia 24, mas Garibaldi anunciou que deseja votar o relatório até o dia 20.

As prorrogações permitiram investigações sobre várias questões. A CPI dos Bingos, que chegou a ser taxada por parte da imprensa de "CPI do Fim do Mundo" e "CPI contra o PT", investigou ao longo de um ano vários fatos, incluindo os assassinatos dos prefeitos petistas das cidades de Santo André, Celso Daniel, e de Campinas, Toninho do PT, ambas em São Paulo.

No relatório de 1.300 páginas elaborado por Garibaldi Alves Filho, destacam-se ainda episódios que marcaram o noticiário político dos últimos meses. Entre eles estão o esquema do mensalão; o caso da renovação do contrato entre a GTech e a Caixa Econômica Federal para o processamento de loterias; a entrada de supostos dólares cubanos para ajudar a campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República; a máfia do apito no Campeonato Brasileiro de Futebol; o caso Waldomiro Diniz e Carlinhos Cachoeira; e as acusações de prática de lobby contra o irmão do presidente Lula, Genival, o Vavá. Recentemente, a CPI analisou também o suposto envolvimento de João Arcanjo Ribeiro, o Comendador - apontado como o chefe do crime organizado em Mato Grosso - no assassinato de Celso Daniel.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)