"Valerioduto" movimentou R$ 2 bilhões

Da Redação | 29/03/2006, 15h34

O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, apresentado nesta quarta-feira (29) e que será votado no próximo dia 4, divide-se em três volumes e apresenta mais de mil páginas. No texto, elaborado pelo relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), consta que a movimentação financeira do "valerioduto" totalizou cerca de R$ 2 bilhões no período de janeiro de 1997 a agosto de 2005, e que o rastreamento de contas correntes e transferências financeiras evidenciou ramificações bancárias no exterior, a exemplo da identificação da conta Dusseldorf, do publicitário Duda Mendonça.

A publicação destaca que a base de dados da CPI Mista dos Correios foi abastecida, ao longo dos últimos nove meses, com mais de 20 milhões de registros bancários e 33,8 milhões de registros telefônicos. A comissão também analisou mais de 68 mil contratos que teriam sido assinados entre os Correios, o Banco do Brasil e agências de publicidade.

- A CPMI dos Correios debruçou-se sobre extensa base de dados, talvez a maior analisada em investigações dessa natureza empreendidas pelo Congresso Nacional - destaca Osmar Serraglio, no relatório final da comissão.

O deputado assinala que a CPI Mista dos Correios contou com a colaboração de diversas entidades, ao citar que uma das cinco sub-relatorias do colegiado, a de Fundos de Pensão, recebeu informações sobre mais de 11,3 milhões de registros de operações financeiras fornecidas pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), além de 70 mil dados encaminhados pela Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF).

O relatório também informa que a CPI e as sub-relatorias realizaram 159 reuniões e apresentaram 1.602 requerimentos, dos quais 1.186 (74% do total) foram aprovados no Plenário da comissão. A maioria desses requerimentos esteve relacionada à quebra de sigilos bancário, telefônico e fiscal de empresas e à convocação de depoentes investigados por suspeitas de corrupção.

Dos cerca de 4.630 documentos analisados pela comissão, cerca de 3.048 eram de caráter sigiloso, entre eles os dados bancários, telefônicos e fiscais de 14 fundos de pensão, 31 corretoras e milhares de pessoas físicas e jurídicas. O relatório também registra as providências adotadas por algumas entidades públicas, como a abertura de processos de sindicância pelos Correios, pelo Banco do Brasil e pela Receita Federal, entre outros.

Em um dos trechos do relatório, Osmar Serraglio assinala que a CPI Mista dos Correios deu início a um processo de depuração pública que catalisou a atenção da sociedade brasileira, além de ter sido fundamental para a elucidação de crimes e irregularidades administrativas.

- As sindicâncias, auditorias e procedimentos administrativos instaurados e levados adiante em diversos órgãos da administração pública, em muitas oportunidades após a data de instauração da CPMI, atestam a importância da atuação parlamentar neste episódio - frisa Osmar Serraglio, ao referir-se às denúncias de corrupção que deram origem à CPI dos Correios.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)