CPI do Banestado ouvirá Gustavo Franco e quebra sigilo bancário de ex-presidente da Transbrasil

Da Redação | 18/03/2004, 00h00

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Banestado, que investiga a evasão de divisas por meio de contas CC-5, realizou nova reunião administrativa nesta quinta-feira (18) e confirmou a reconvocação do ex-presidente do Banco Central (BC), Gustavo Franco, e a quebra do sigilo bancário do ex-presidente da empresa aérea Transbrasil, Antonio Celso Cipriani.

A reconvocação de Franco foi pedida pelo relator da CPI, o deputado federal José Mentor (PT-SP). A quebra do sigilo bancário de Cipriani foi pedida pelo presidente do colegiado, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT). O deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ) se opôs à reconvocação do ex-presidente do BC. E a quebra do sigilo de Cipriani teve a oposição do relator, José Mentor, que tentou revogar a aprovação do requerimento. Ambos os pedidos, porém, foram votados e aprovados pelos integrantes da CPI.

- Cipriani presidiu uma empresa concessionária de um serviço público, é acusado de gestão temerária e falência fraudulenta e tem remessas ilegais para o exterior. Não há motivos para não quebrar o seu sigilo bancário - afirmou o senador Jefferson Péres (PDT-AM).

O presidente da CPI reforçou a argumentação em defesa da quebra de sigilo de Cipriani.

- Ele remeteu irregularmente cerca de 35 milhões de dólares para o exterior, utilizando doleiros e outros esquemas ilegais. Cipriani figura entre os clientes da Beacon Hill, uma empresa já fechada pelo governo dos Estados Unidos por negócios ilegais no mercado financeiro, e usou também contas CC-5 no Banestado em Foz do Iguaçu - disse Antero.

Banco Bilbao Vizcaya

De acordo com o relator, a CPI do Banestado vem descobrindo novas formas de evasão de divisas. José Mentor disse que a aplicação de US$ 840 milhões de reservas brasileiras no Banco Bilbao Vizcaya (BBV), feitas ainda na gestão de Gustavo Franco, teria trazido prejuízos ao país. Outro requerimento, pedindo a convocação do ex-tesoureiro do BBV no Brasil, Fidel Alves de Araújo, teve a votação adiada. A convocação de Fidel de Araújo, que no ano passado foi assessor do relator da CPI, foi pedida por Rodrigo Maia.

A operação Macuco, da Polícia Federal, revelou o esquema de evasão de divisas por meio de contas CC-5 em agências do Banestado. Teriam sido enviados US$ 30 bilhões ilegalmente para o exterior.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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