Socorro à Globo Cabo vai ser explicado pelo BNDES

Da Redação | 19/03/2002, 00h00

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou, em sua reunião desta terça-feira (19), requerimento encabeçado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), solicitando a realização de uma audiência pública com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Eleazar de Carvalho Filho, para que ele preste esclarecimentos aos senadores sobre a operação de socorro financeiro da qual participou a instituição, realizada em favor da empresa Globo Cabo S/A, no valor total de R$ 1 bilhão.

Segundo Suplicy, o Senado precisa tomar conhecimento dos critérios técnicos e das prioridades que orientaram tal operação, principalmente por se tratar de um ano eleitoral. É preciso saber, também, disse Suplicy, se o Banco tem realizado operações semelhantes para outras empresas.

Os senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e Roberto Saturnino (sem partido-RJ) ressaltaram não ter opinião formada contra a operação feita pelo BNDES, esclarecendo que apenas querem explicações. Ambos, juntamente com o senador Lauro Campos (PDT-DF), também assinaram o requerimento com o senador Suplicy. Já o senador Gerson Camata marcou o único voto contra a aprovação da proposta pela audiência pública.

No requerimento aprovado pela CAE, Suplicy explica que a operação de socorro montada para a Globo Cabo, envolvendo a capitalização de R$ 1 bilhão com aportes de recursos dos principais acionistas, teve como objetivo bancar a reestruturação financeira da empresa, que registrou, em 2001, um prejuízo de R$ 699,9 milhões, além de uma dívida líquida de R$ 1,52 bilhão, valor superior em 7,1% da dívida apresentada em 2000.

Pela operação realizada - explicou Suplicy - a participação do BNDES no empreendimento subirá dos atuais 4,8% para algo entre 7 a 12% do capital total. As organizações Globo detêm atualmente 42% do capital da empresa, contra 12,5% da Rede Brasil Sul de Comunicação (RBS)/Zero Hora; 7,5% da Microsoft; e 6% do Bradespar (do grupo Bradesco).

Ainda segundo as explicações de Suplicy, com a operação, o BNDES dará garantia firme de subscrição de ações, no montante de até R$ 284 milhões, participação que ocorrerá na forma de integralização em dinheiro, de aproximadamente R$ 39 milhões; conversão de debêntures em R$ 125 milhões; e subscrição eventual de sobras de emissão pública de ações da Globo Cabo até o montante de R$ 120 milhões. Como acionista controlador da empresa, as Organizações Globo aportarão R$ 542 milhões.

Suplicy disse que a Globo Cabo é atualmente a maior empresa de televisão a cabo no país, detendo cerca de 45% do mercado e operando com a marca NET. A empresa atua, também, no mercado de comunicação de dados e multimídia.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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