Senado homenageia povos indígenas

Da Redação | 16/04/2015, 20h16

O índio não quer ter um tratamento especial, mas ser tratado como todo e qualquer brasileiro. Foi esse o recado dado pelo índio Neguinho Truká durante a sessão de homenagem aos povos indígenas no Plenário do Senado nesta quinta-feira (16). De acordo com o líder indígena, seu povo quer ser visto como um igual.

— Não somos melhores nem piores do que as demais minorias desse país. O que nós queremos, de fato, é ter condições de disputar de igual para igual com o filho de quem vive na favela, com o filho de quem vive na fazenda, com o filho de quem vive no centro da cidade — disse Truká.

Mais respeito aos direitos dos índios foi um pedido comum aos participantes da sessão especial. O senador João Capiberibe (PSB-AP) ressaltou a carta enviada no mês passado à presidente Dilma Rousseff pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil na qual é apresentada uma série de reivindicações. Uma delas é a demarcação de pelo menos 20 novas áreas indígenas.

—  O que querem os povos indígenas é que o atual governo dê continuidade à demarcação de todas as terras indígenas do Brasil, muitas das quais estão até hoje sem nenhum procedimento demarcatório instituído — explicou Capiberibe.

Com um cocar, o senador Telmário Mota (PDT-RR) confessou ter vivido na sessão em homenagem aos povos indígenas um momento de muita alegria e emoção. Relatou que nasceu em uma comunidade indígena e que até os 11 anos não tinha sentado em um banco de escola. A bisavó mal falava o português, mas era fluente em macuxi.

— Eu dizia que chegaria nesta Casa e ia usar um cocar. Eu quis fazer isso no dia da minha posse — revelou Temário.

O senador Vicentinho Alves (SD-TO) disse que, em seu mandato, sempre tem tentado ajudar os povos indígenas. Para o senador, a causa é justa, pois tem a ver com uma "parte sofrida” do Brasil, esquecida pela população em geral e pelos políticos. Vicentinho lamentou o preconceito que ainda existe contra os índios e afirmou que a sofisticação dos indígenas está exatamente em sua simplicidade.

— Todas as vezes que tenho de me pronunciar sobre temas indígenas, sou tomado de alegria, pois ela justifica a defesa de uma causa justa. Mas também pondero, pensando que há um pedaço do Brasil sofrido que o Brasil não conhece — afirmou Vicentinho.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), por sua vez, propôs ao Senado mais sessões como a de homenagem aos índios. Também ressaltou a necessidade da eleição de índios para ocupar assentos no Congresso Nacional. Lembrou do cacique Mário Juruna, que foi deputado federal e disse que se um dia fosse eleito presidente da República usaria o discurso de posse para pedir desculpas aos índios.

— Eu iria pedir desculpas aos velhos sem apoio e sem aposentadoria, mas sobretudo eu iria pedir desculpas aos povos indígenas pelas maldades que nós, os brancos, cometemos ao longo de 500 anos da nossa história — declarou Cristovam.

Já o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) cobrou do Congresso Nacional e do governo federal uma reflexão sobre as dificuldades enfrentadas pelos índios.

— Clamo mais uma vez por uma ação governamental e parlamentar efetivamente estratégicas e integradas para desatar de modo conclusivo os nós que hoje são atrelados às questões indígenas — disse Raupp.

O senador Wellington Rodrigues (PR-MT) parabenizou os índios pelo esforço que fazem para a preservação do meio ambiente e pelo histórico esforço pela integração do país.

— Um país continental e se não fosse o trabalho dos índios que estiveram aqui com arco e com a flecha talvez o Brasil tivesse sido dividido em muitas países — lembrou Wellington.

Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), há pouca terra para muito índio, pois os indígenas estavam aqui antes de os colonizadores chegarem. Ele lamentou o que chamou de “genocídio” com os verdadeiros donos da terra e pediu respeito aos povos indígenas.

— Os índios têm sobrevivido por teimosia, e isso deve ser celebrado — disse Randolfe.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)