CPI Mista da Petrobras começará fase de depoimentos com Paulo Roberto Costa

Larissa Bortoni | 03/06/2014, 18h25

A CPI Mista da Petrobras aprovou nesta terça-feira (3) cerca de 230 dos 618 requerimentos apresentados. A maioria pede a convocação para depoimentos de envolvidos em denúncias e a transferência de documentos por outros órgãos. O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que o primeiro a ser ouvido deve ser o ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Requerimento do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) aponta que Paulo Roberto Costa pode ter recebido propina do doleiro Alberto Youssef para favorecer empresas nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Paulo Roberto Costa foi preso em março pela operação Lava Jato, que investigou esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, que pode ter movimentado R$ 10 bilhões. Ele foi solto em maio por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ainda em relação a Abreu e Lima, a CPI mista quer ter acesso a documentos da Petrobras, bem como resultados de auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Outras convocações

Os integrantes da CPI mista também aprovaram as convocações do ex-diretor da área internacional da Petrobras; da presidente da estatal, Graça Foster; e do ex-presidente Sérgio Gabrielli. Os três já foram ouvidos pela CPI exclusiva do Senado, mas, para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), é possível que apresentem novidades ao falarem à CPI mista.

- Os depoimentos podem ser diferentes daqueles verificados na CPI do Senado, porque nós teremos aqui um questionamento mais duro. Obviamente que não podemos obrigar alguém a dizer verdades, mas há a tentativa, e temos o dever de fazer isso aqui - disse.

O doleiro Alberto Youssef também será chamado a depor, mas, segundo Marco Maia, isso só ocorrerá depois que a CPI mista tiver acesso aos documentos da Operação Lava Jato em poder da 13ª Vara Federal de Curitiba e do STF.

- Aprovamos um requerimento que trata especificamente dessas quebras de sigilo que aconteceram durante a Operação Lava Jato. Já há ali muitas informações que, quando chegarem, serão importantíssimas para o processo de investigação e para as próprias oitivas - explicou Maia.

O presidente da CPI mista, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), anunciou que na próxima semana se reunirá com ministros do STF para tratar do compartilhamento de documentos. Ele explicou que será exigido muito cuidado porque muitos dos dados estão sob segredo de justiça.

Plano de trabalho

A CPI mista também aprovou nesta terça-feira um plano de trabalho que, em obediência ao requerimento da criação da CPI, vai ser dividido em quatro eixos de investigação: a compra da refinaria de Pasadena (EUA); indícios de pagamento de propina a funcionários da Petrobras; falta de segurança em plataformas; e superfaturamento na construção de refinarias.

O deputado Marco Maia adiantou que o relatório final será elaborado ao longo dos trabalhos. Além disso, assegurou que a comissão terá um perfil técnico e será capaz de apurar responsabilidades e apresentar sugestões concretas para aperfeiçoar leis e políticas públicas.

- Aprovamos por unanimidade tanto o plano de trabalho quanto a proposta de convocações. Foram 233 requerimentos aprovados, o que dá conta que a CPI mista começa bem equilibrada. Fizemos acordos e todos estão imbuídos em investigar - disse o relator.

O senador Alvaro Dias, no entanto, não se mostrou muito otimista quanto aos resultados concretos da CPI.

- Não vamos gerar falsa expectativa. Não há qualquer esperança que esta CPI possa concluir com um relatório competente, indiciando pessoas e responsabilizando aqueles que promoveram esse monumental desvio de recursos da Petrobras. Estamos aqui, exatamente, para sermos francos e colocar com muita sinceridade o que vai ocorrer.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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