Senadores aprovam texto principal do novo CPC

De acordo com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), essa aprovação era “urgente e necessária para o país”.
16/12/2014 18h57

O Plenário do Senado aprovou em sessão extraordinária nesta terça-feira (16), o texto principal do Projeto de Lei do Senado (PLS) 166/2010, de autoria do senador José Sarney (PMDB-AP), conhecido como Novo Código de Processo Civil (CPC) para simplificar e tornar mais ágil os processos judiciais de natureza civil. De acordo com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), essa aprovação era “urgente e necessária para o país”.

Para Renan Calheiros o atual código é “uma colcha de retalhos” devido ao número de alterações já feitas ao texto ao logo de quatro décadas em vigor. Foram editadas 64 alterações ao todo. “O código atual é pródigo em permitir inumeráveis recursos que prolongam indefinidamente o processo e obsta a entrega da prestação jurisdicional, que significa, em uma expressão simples, fazer justiça. A aprovação desse código, que dá um tratamento especial aos recursos repetitivos, que significa e acelera produção da prova e das medidas cautelares, entre tantas outras inovações, é a própria concretização da razoável duração do processo, inscrita como direito fundamental no art. 5º da Constituição pela Emenda Constitucional nº 45, a da reforma do Judiciário“, destacou Renan.

Os 19 destaques apresentados ao texto principal vão ser votados em sessão convocada para esta quarta-feira (17) pelo presidente. O projeto define regras para simplificar e acelerar a tramitação das ações cíveis – casos de família, consumidor, contratos, problemas com condomínios e relações trabalhistas e estimula a solução consensual dos conflitos, com o objetivo de agilizar as decisões e desafogar o Judiciário. A nova lei cria um instrumento jurídico que permite a aplicação de uma única solução para volumes expressivos de processos que envolvam uma mesma questão de direito, casos de ações previdenciárias e reclamações de consumidores contra concessionárias de serviços públicos.

A matéria, já aprovada no Senado, passou mais de três meses em exame na Câmara dos Deputados e retornou à Casa em abril deste ano. Desde então, o texto substitutivo aprovado na Câmara estava sob análise de uma comissão temporária presidida pelo senador José Pimentel (PT-CE) e apoiada por juristas, entre eles o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que acompanhou a votação da proposta ao lado do presidente Renan Calheiros. “É um dia de muita glória para a Justiça brasileira. Agimos para que o Brasil estivesse muito próximo do porto e longe do naufrágio”, disse o ministro Fux. Renan agradeceu ao ministro o trabalho na comissão e também a integrantes da Advocacia Geral da União (AGU) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que acompanharam a votação das galerias do Plenário.

O relator na comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-AM) manteve grande parte das inovações aprovadas pelos deputados, como a criação dos centros de solução consensual de conflitos. O novo CPC será o primeiro que o país adota em plena vigência da democracia. O código em vigor atualmente foi produzido durante a ditadura militar em 1973. O texto foi elaborado a partir de anteprojeto de lei apresentado por uma comissão de juristas instituída pelo senador José Sarney (PMDB-AP), em 2009 quando presidente do Senado.

Embora a sessão tenha sido convocada especificamente para votar o CPC, os senadores aprovaram por 54 votos a favor e três contra a indicação do diplomata Rui Pacheco de Azevedo Amaral para o cargo de embaixador no Egito e na Somália. A votação serviu como teste para garantir se havia o quórum mínimo para a votação de um projeto sobre código, que exige maioria absoluta da composição da Casa.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) também convidou os senadores para o lançamento do relatório de gestão do Senado Federal no biênio 2013/2014, marcado para as 16h desta quarta-feira (17). “Esse relatório traz algumas informações de bastidores nestes dois anos e me permitam revelar um deles. A tramitação deste código já gerou três ministros”, disse. Renan fez referência ao ministro Luiz Fux que era do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e assumiu o cargo de ministro no STF em 2011, ao advogado Bruno Dantas, que assumiu o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) em agosto deste ano e ao senador Vital do Rêgo que será também ministro do TCU.