Episódio 16 - A renúncia de Jânio Quadros e a posse de João Goulart — Rádio Senado
Senado 200 Anos

Episódio 16 - A renúncia de Jânio Quadros e a posse de João Goulart

Em 1960, o Brasil voltou às urnas para escolher o novo presidente da República. Jânio Quadros tomou posse, mas enfrentou forte oposição no Congresso Nacional. Apenas sete meses depois, ele renunciou. O presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, empossou interinamente o então presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, já que o vice, João Goulart, estava fora do país. Havia forte resistência à posse de Jango. Alegava-se que o Brasil caminharia rumo ao comunismo. Assim, o Congresso Nacional aprovou o parlamentarismo no país e, logo após retornar da China, João Goulart tomou posse no cargo de presidente da República, mas com poderes reduzidos.

12/04/2024, 18h18 - ATUALIZADO EM 06/05/2024, 18h16
Duração de áudio: 05:12
Arte: Hunald Vale

Transcrição
DEPOIS DE DUAS ELEIÇÕES CONSECUTIVAS COM RESULTADOS QUESTIONADOS PELOS PARTIDOS DERROTADOS, EM 1960 O BRASIL VOLTOU ÀS URNAS PARA ESCOLHER O NOVO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. MESMO NÃO OBTENDO A MAIORIA ABSOLUTA DOS VOTOS, O ELEITO, JÂNIO QUADROS, TEVE UMA POSSE SEM CONTRATEMPOS, EM 31 DE JANEIRO DE 1961. ESSE CENÁRIO DE APARENTE TRANQUILIDADE, PORÉM, NÃO FOI A MARCA DE SEU CURTO GOVERNO, QUE DUROU MENOS DE SETE MESES, POR CAUSA DE SUA RENÚNCIA EM 25 DE AGOSTO DO MESMO ANO. O GOVERNO DE JÂNIO QUADROS E A POSSE DE JOÃO GOULART SÃO OS ASSUNTOS DO DÉCIMO SEXTO EPISÓDIO DO PODCAST SOBRE OS DUZENTOS ANOS DO SENADO. UMA PRODUÇÃO DA RÁDIO SENADO. Durante a campanha eleitoral que o levou a vitória nas urnas em 1960, o candidato Jânio Quadros, do PDC, com apoio da UDN, prometeu varrer a corrupção da vida pública brasileira. Na opinião dele, essa foi a marca do governo de Juscelino Kubitschek e, por isso, a sua escolha representaria a volta do país a um clima de normalidade. Naquela época, o candidato à vice-presidência não compunha uma chapa única com quem disputasse a presidência. Assim, os eleitores escolhiam tanto o presidente quanto o vice. E um fato inusitado acabou ocorrendo em 1960, quando o vice-presidente eleito, João Goulart, representava as forças de oposição a Jânio Quadros. Com uma oposição forte no Congresso Nacional, Jânio Quadros enfrentou dificuldades no seu curto mandato. O clima ficou ainda pior, depois que ele condecorou o revolucionário argentino Ernesto Che Guevara e adotou uma posição de neutralidade do Brasil em relação às potências que rivalizavam durante a chamada Guerra Fria, entre Estados Unidos e União Soviética. E foi nesse cenário que Jânio Quadros entregou, em 25 de agosto de 1961, ao presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, a sua carta de renúncia à presidência da República. Quem conta os detalhes desse episódio é o historiador Antônio Barbosa. Sonora: Antônio Barbosa. Ele tinha sido eleito como carrilhão de votos e ele imaginava, sete meses depois de tomar da posse, que se ele renunciasse dizendo para o povo que o Congresso não deixava ele governar, o que que aconteceria? O povo se levantava para dizer "fica, presidente, com poderes totais". Ninguém se levantou. Lido e acatado pelo Congresso Nacional, o presidente do Senado empossou interinamente no cargo de presidente da República o então presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli. Mas havia forte resistência à posse de João Goulart, especialmente por parte de integrantes das Forças Armadas. Alegava-se que o Brasil, por causa do posicionamento político do vice-presidente, caminharia rumo ao comunismo. Estava criado o impasse que abriu as portas para o início da campanha da legalidade, encampada pelo então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. O movimento contou com apoio de boa parte da população e dos parlamentares no Congresso Nacional, inclusive os da UDN. Para evitar que uma guerra civil tomasse conta do país, foi negociada uma saída para essa questão. Sonora: Antônio Barbosa Mais uma vez a solução veio da política. Uma das razões pelas quais eu tenho nojo, como diria o doutor Ulisses Guimarães, eu tenho nojo das ditaduras e dos autoritários porque a política é a única forma de resolver contenciosos, de resolver problemas. Durante uma semana os políticos da Câmara e dois senadores se movimentaram para encontrar uma saída para impedir que o país entrasse numa guerra civil. Qual foi a saída? O parlamentarismo. Assim, o Congresso Nacional aprovou uma mensagem encaminhada pela presidência da República instituindo o parlamentarismo no país. No dia 7 de setembro de 1961, logo após retornar de sua viagem à China, João Goulart tomou posse no cargo de presidente da República, mas com poderes reduzidos. A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA COM O PARLAMENTARISMO FOI CURTA. EM 1963, NUM PLEBISCITO, OS BRASILEIROS DECIDIRAM PELA VOLTA DO PRESIDENCIALISMO, DANDO A JOÃO GOULART PLENOS PODERES PARA GOVERNAR O PAÍS. MAS ESSE SERÁ O ASSUNTO DO PRÓXIMO EPISÓDIO DO PODCAST SOBRE OS DUZENTOS ANOS DO SENADO BRASILEIRO. TODOS OS EPISÓDIOS DESSA SÉRIE ESTÃO DISPONÍVEIS NAS PRINCIPAIS PLATAFORMAS DE ÁUDIO. ACESSE E OUÇA QUANDO QUISER.

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