Diploma Bertha Lutz será concedido a um homem pela primeira vez

Da Redação | 26/02/2016, 11h48

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello será o primeiro homem a receber o diploma Bertha Lutz, concedido pelo Senado a pessoas que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher e a questões de gênero no Brasil.

Como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),  Marco Aurélio Melo lançou em 2014 a campanha publicitária “Mais Mulheres na Política”. Ele também ajudou a conceber a ideia publicitária “Todo Poder às Mulheres”, defendendo condições que favoreçam a maior participação feminina em todas as instâncias de poder e de atuação na sociedade.

O prêmio, que está na 15ª edição, será entregue em 8 de março durante a sessão solene do Congresso Nacional destinada a comemorar o Dia Internacional da Mulher, marcada para as 11h.

A homenagem

O Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz foi criado em 2001 e já premiou 75 mulheres. Entre elas, Rose Marie Muraro, escritora e feminista; Maria da Penha, farmacêutica que inspirou com sua luta pessoal a aprovação da Lei Maria da Penha; Zilda Arns, que foi coordenadora da Pastoral da Criança; a presidente Dilma Rousseff; e a ex-senadora Emília Fernandes, autora do projeto que deu origem à premiação.

O nome do prêmio é uma homenagem à bióloga Bertha Maria Julia Lutz (1894-1976). Ela foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil, responsável por ações políticas que resultaram em leis que deram direito de voto às mulheres e igualdade de direitos políticos no início do século 20.

O Conselho do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, presidido pela senadora Simone Tebet (PMDB-MS), é composto por 15 senadores que escolhem, anualmente, cinco pessoas entre as indicadas por qualquer um dos 81 senadores e senadoras. Desde o ano passado, quando foi aprovado projeto de lei alterando a Resolução 2/2001, que institui o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, podem ser indicados homens e não apenas mulheres.

Para a autora do projeto, senadora e titular da Procuradoria Especial da Mulher do Senado Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), "é preciso reconhecer que as mulheres não estiveram sozinhas na jornada em favor da igualdade entre homens e mulheres".

Neste ano, o Diploma Bertha Lutz também será entregue à ex-ministra Ellen Gracie Northfleet, primeira mulher a integrar e presidir o Supremo Tribunal Federal; à cirurgiã-dentista Lucia Regina Antony,  ex-vereadora em Manaus, líder feminista, fundadora e ex-presidente do Comitê de Mulheres da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e da União de Mulheres de Manaus; à militante nas áreas de raça e gênero Luiza Helena de Bairros, ex-titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Social da Bahia e ex- ministra-chefe da Secretaria de Políticas Públicas da Igualdade Racial do Brasil (2011 a 2014); e à escritora Lya Luft.

Agraciados na 15ª edição do prêmio Bertha Lutz
- Ellen Gracie Northfleet
Natural do Rio de Janeiro, é graduada em Direito e especialista em Antropologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Começou a carreira de jurista como Procuradora Regional da República, exercendo depois também o cargo de desembargadora federal. Foi a primeira mulher a integrar e a presidir o Supremo Tribunal Federal (STF). Participou de importantes processos de decisão para a população, dentre os quais o que tratou da definição de união civil homoafetiva. Sempre defendeu e lutou por uma maior participação das mulheres brasileiras na vida nacional e no cenário internacional.

Lucia Regina Antony
Natural de Manaus, é cirurgiã-dentista e servidora pública municipal. Líder feminista, fundou e presidiu o Comitê de Mulheres da Universidade Federal do Amazonas e a União de Mulheres de Manaus. Em 1988, participou da fundação e foi eleita diretora da União Brasileira de Mulheres. Foi vereadora por Manaus em duas legislaturas, de 2005 a 2008 e de 2009 a 2012. Também foi diretora da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Sindicato dos Odontólogos e presidente do SindSaúde do Amazonas.

Luiza Helena de Bairros
Natural de Porto Alegre, é graduada em Administração Pública e de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutora em Sociologia pela Universidade de Michigan. Mora em Salvador desde 1979, onde atuou em diversos movimentos sociais, com destaque para o Movimento Negro Unificado (MNU). Trabalhou em programas das Nações Unidas contra o racismo em 2001 e em 2005. Foi titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Social da Bahia e ministra-chefe da Secretaria de Políticas Públicas da Igualdade Racial, de 2011 a 2014. Trabalha e milita em defesa das questões de raça e gênero.

Lya Luft
Natural de Santa Cruz do Sul, cidade gaúcha de colonização alemã. Formada em Pedagogia e em Letras Anglo-Germânicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), é também mestre em Linguística Aplicada e em Literatura Brasileira e Portuguesa. Foi tradutora de literatura em alemão e inglês, abrangendo obras de autores como Thomas Mann, Virgínia Woolf, Hermann Hesse e Günter Grass. Escreveu e publicou mais de 30 livros, entre romances, coletâneas de poemas, crônicas, ensaios e livros infantis. Professora aposentada da UFRGS, atualmente é colunista da revista Veja. Em 2001, recebeu o Prêmio União Latina de melhor tradução técnica e científica e, em 2013, o Prêmio ABL na categoria Ficção, Romance, Teatro e Conto, pela obra O tigre na sombra.

Marco Aurélio Mello
Natural do Rio de Janeiro, graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde também concluiu os créditos no mestrado em Direito Privado. Atuou na Justiça do Trabalho e foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em 1990. Presidiu a Corte de 2001 a 2003 e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por três vezes (1996/1997; 2006/2008 e 2013/2014), participando ativamente do processo de informatização das eleições brasileiras. Em 2014, como presidente do TSE, lançou a campanha publicitária “Mais Mulheres na Política”. Ajudou a conceber a ideia publicitária “Todo Poder às Mulheres”, defendendo condições que favoreçam a maior participação feminina em todas as instâncias de poder e de atuação na sociedade.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)