Comissão de Orçamento aprova receita de 2016 com R$ 10 bilhões da CPMF

Da Redação | 01/12/2015, 20h44

A Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) aprovou, nesta terça-feira (1º), o relatório do senador Acir Gurgacz (PDT-RO) à receita da proposta orçamentária de 2016 (PLN 7/2015). O relatório estima a receita primária total do próximo ano em R$ 1,451 trilhão. Descontados os tributos compartilhados com estados, Distrito Federal e municípios, a receita primária que fica nas mãos da União cresce R$ 39,5 bilhões em relação ao projeto orçamentário enviado pelo governo em agosto, chegando a aproximadamente R$ 1,219 trilhão.

Esse é o valor que vai financiar as despesas primárias da União em 2016, como os benefícios assistenciais e previdenciários, o salário dos servidores federais, despesas com saúde, educação, agricultura, entre outras áreas. O relatório das despesas está a cargo de 16 relatores setoriais e do relator-geral da proposta orçamentária, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

O parecer de receita foi aprovado contando com os recursos da arrecadação com a Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF), cuja proposta de recriação tramita na Câmara (PEC 140/2015). A inclusão foi uma vitória do Planalto, que, desde que o relatório entrou em discussões políticas, no início de novembro, tentava incorporar o tributo na receita do próximo ano. O líder do governo na Comissão de Orçamento, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), comandou a negociação na base governista. O Executivo contou com o apoio declarado de PT, PMDB, PCdoB, PP, Pros, PTB, PRB, PSD, PMB e PDT. Votaram contra PSDB, PSC, DEM e PSB.

Alguns parlamentares da base afirmaram não ser favoráveis à contribuição, mas votavam por uma questão de ajuste das contas do orçamento – a ampliação da receita diminui o deficit primário da proposta orçamentária.

- Não tenho compromisso em votar a CPMF - avisou César Halum (PRB-TO).

Já o deputado Lázaro Botelho (PP-TO) fez um discurso a favor da reintrodução do tributo.

- É o imposto mais justo que existe, porque não tem sonegação. Seria importante se diminuísse outros impostos e aumentasse a CPMF - comentou.

Entre os parlamentares contrários, houve cobranças para que o governo corte gastos, em vez de elevar a receita.

- O Congresso deveria fazer a sua parte e não colocar [no relatório] a previsão de um imposto que não existe. O Planalto precisa ter mais coragem para enfrentar os problemas estruturais do País - disse Edmar Arruda (PSC-PR).

O senador Acir Gurgacz, que desde a primeira versão do seu parecer foi contrário à inserção da CPMF na arrecadação de 2016, ponderou que a aprovação de hoje é fruto de um embate que está só no começo.

- Não quer dizer que a CPMF está aprovada. É apenas o início da discussão - destacou.

Promulgação

A aprovação desta terça-feira não significa que a CPMF foi recriada, já que ela deverá enfrentar uma longa batalha no Congresso para ser reintroduzida na matriz tributária do país. Representa apenas que o valor da arrecadação foi inserido na proposta orçamentária. A PEC 140/2015 ainda não passou pela primeira etapa de votação, que é a análise de admissibilidade na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara.

Pelo texto aprovado, a proposta orçamentária contemplará recursos com a cobrança a partir de setembro do próximo ano, o que dá cerca de R$ 10,1 bilhões de receita para os cofres da União, em termos líquidos. Como o tributo sofre o princípio da noventena (só pode ser cobrado 90 dias após a publicação da emenda constitucional), a PEC precisa ser promulgada até maio.

A arrecadação com a CPMF entra, no orçamento, como “receita condicionada”. As despesas que ela for financiar somente sairão do papel se o tributo virar lei, conforme explicou o deputado Ricardo Barros.

Saúde

O relatório aprovado na Comissão de Orçamento inclui ainda receitas de R$ 21,1 bilhões com a cobrança de Imposto de Renda sobre recursos de brasileiros repatriados do exterior. Inicialmente, Gurgacz havia incluído R$ 11,1 bilhões para essa rubrica. Hoje ele aceitou elevar a arrecadação em R$ 10 bilhões seguindo uma orientação do próprio governo, que atendeu a uma pressão do PMDB.

Parte do valor acrescido, cerca de R$ 7 bilhões, será destinado a despesas na área da saúde, como afirmou Ricardo Barros. Entre outras áreas beneficiadas, está o programa Média e Alta Complexidade, que financia internações na rede própria e conveniada (pública e privada) do Sistema Único de Saúde (SUS).

Da Agência Câmara

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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