Resistência a construção de memorial marca protesto em homenagem a Jango

Da Redação | 04/05/2015, 15h25

A sessão de homenagem do Congresso Nacional à memória do presidente da República João Goulart — deposto pelo golpe militar de 1964 — se transformou em palco de protestos pela resistência à construção do Memorial Liberdade e Democracia Presidente João Goulart, em Brasília. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) está investigando o processo de cessão do terreno para realização da obra pelo Governo do Distrito Federal (GDF) ao Instituto João Goulart. O evento foi realizado no Plenário do Senado nesta segunda-feira (4).

Presentes à sessão, o presidente do Instituto João Goulart e filho do homenageado, João Vicente Goulart, e o presidente nacional do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Carlos Lupi, estão convencidos de que a ação do MP seria uma manobra para impor uma nova cassação a Jango.

— Após esta Casa devolver o mandato (a João Goulart) cassado pelo arbítrio, 50 anos depois, muitos covardes querem ressuscitar o golpe de 64 e, travestindo-se de progressistas, cassar Jango novamente ao impedir uma simples cessão de uso de área para construção do Memorial da Liberdade e da Democracia —, protestou João Vicente Goulart.

Lupi disse, por sua vez, que não irá aceitar que se impeça a construção do monumento a João Goulart.

— Não acredito que o Ministério Público não reconheça a importância de Jango. Será por inveja, ciúme, despeito ou saudades da ditadura militar (que resistem à construção do memorial)? Não sei — comentou Lupi.

Emendas

Em meio ao protesto, João Vicente Goulart agradeceu a parlamentares, como o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e o deputado distrital Geraldo Magela (PT-DF), que já se comprometeram a destinar verbas de emendas aos orçamentos da União e do GDF para viabilizar a construção do memorial. Autor do requerimento da sessão de homenagem, o senador Acir Gurgacz (PDT-RO) também se comprometeu a alocar emendas para a obra caso seja necessário.

— O Brasil precisa desse memorial. Essa é a nossa história e vida — afirmou Gurgacz, cujas palavras também foram reforçadas pelo senador Hélio José (PSD-DF).

Reformas de base

A atualidade das “reformas de base” lançadas por Jango — reformas bancária, fiscal, urbana, administrativa, agrária e universitária — foi outro ponto reconhecido na sessão de homenagem realizada pelo Congresso.

— As reformas que ele encarnou continuam temas vivos, não resolvidos e não arquivados pela história — sustentou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), em discurso lido pelo presidente do partido Carlos Lupi.

Já o senador José Medeiros (PPS-MT) realçou a “grandeza” de um presidente que tinha 80% de apoio popular e foi arrancado a fórceps da Presidência da República.

— Jango está vivo nos seus atos, história e exemplo — resumiu Medeiros.

A sessão de homenagem a João Goulart contou com a presença ainda do primeiro-vice-presidente do Congresso, o deputado federal Waldir Maranhão (PP-MA); do ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias; do presidente do PDT no Distrito Federal, Georges Michel; da filha do homenageado, Denize Goulart.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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