Para Alvaro Dias, sociedade paga a conta do ajuste fiscal

Da Redação | 01/04/2015, 13h01

Em discurso nesta quarta-feira (1º), o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) considerou o ajuste fiscal anunciado e defendido esta semana no Senado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, um “ajuste de contas” para a sociedade, já que o arrocho e o aumento de tributos e a perda de benefícios não tem contrapartida do poder público.

Para ele, é injustificável aceitar que se transfira para a sociedade a responsabilidade de uma crise da qual ela é na verdade vítima. A responsabilidade, frisou, deve ser debitada a quem governa o país, que cometeu equívocos e ignorou os alertas.

— O governo coloca a mão grande no bolso do contribuinte — declarou.

Segundo o senador, o anúncio de elevação de alíquotas de contribuições que oneram o custo de vida da sociedade – combustíveis, energia elétrica, entre outros – não veio acompanhada de nenhum movimento do Executivo para redução de custeio, não houve uma extinção de ministério ou eliminação de cargos comissionados. Os cortes anunciados até aqui, ressaltou Alvaro Dias, são apenas em investimento, e não buscando enxugar os excessos na máquina pública.

Ele questionou ainda como é possível retirar R$ 7 bilhões da Educação quando tramita no Congresso uma medida provisória (MP 661/2014) que transfere mais de R$ 30 bilhões do Tesouro Nacional para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Desde 2009, o governo destinou mais de R$ 360 bilhões ao banco para dar mais fôlego à instituição e estimular o crescimento. E esses recursos, lembrou, são utilizados pelo banco para empréstimos com taxas de juros privilegiadas a outros países, notadamente corruptos ou ditatoriais, sob a classificação incabível de “sigilosos”.

Por isso, Alvaro revelou que o PSDB recorreu ao Supremo Tribunal Federal para que se abra a “caixa de pandora” do BNDES. No discurso, ele também cobrou a instalação de comissões parlamentares de inquérito para investigar escândalos de corrupção no banco, na Receita Federal e nos fundos de pensão, especialmente o Postalis.

— Temos que oferecer respostas adequadas às reclamações da sociedade. Ou o Congresso oferece respostas ou será também atropelado, como está sendo atropelado o Executivo pela sociedade brasileira — avaliou.

Alvaro Dias também citou os dados da nova pesquisa CNI/Ibope que traz índices de reprovação que classificou como "sem precedentes" da presidente Dilma Rousseff: apenas 12% de aprovação, frente aos 40% de dezembro de 2014. Há 64% de entrevistados que rejeitam o governo, e apenas 23% o classificam como regular.

— Está no fundo do poço a administração pública brasileira — opinou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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