PIB: Paim quer pacto nacional e Cássio vê governo “nota zero”

Guilherme Oliveira | 27/03/2015, 15h47

O anúncio oficial do desempenho econômico do Brasil no ano de 2014 repercutiu no Senado nesta sexta-feira (27). O senador Paulo Paim (PT-RS) pediu que o governo comande um amplo pacto nacional em nome da retomada do crescimento, inclusive acenando para a oposição.

— Os números não mentem, estamos entrando num período de recessão. Entendo que é o momento de uma grande concentração nacional. É preciso estabelecer muito diálogo envolvendo empresários, trabalhadores, parlamento e Executivo, e chamar inclusive a própria oposição — avalia.

Já o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), não vê no Executivo federal capacidade de recuperar o país. Ele avalia que o desempenho da economia é reflexo direto da qualidade do governo.

— O 0,1% [crescimento do PIB em 2014] ficou muito próximo da nota do desempenho econômico do governo federal, que é zero. Infelizmente o Brasil entrou numa recessão pelo descontrole fiscal do governo. Temos uma situação muito grave para o governo enfrentar, mas ele não mostra nenhuma competência para isso — critica.

Aprofundar o debate

Paulo Paim teme que as consequências do enfraquecimento da economia sejam mais sentidas pelos trabalhadores e aposentados. Para evitar isso, ele defende que o governo federal fuja das soluções fáceis e busque novos caminhos para sair da crise. Isso, para ele, exige aprofundamento do debate.

— Minha preocupação maior são os trabalhadores e aposentados, que sempre são chamados a pagar a conta. Temos que aprofundar o debate, numa reforma tributária por exemplo. Em outros países existe a tributação das grandes heranças. É o momento de dar um passo avante — disse ele.

Na avaliação do senador gaúcho, os governos do PT vinham acertando na condução da economia, mas o cenário mudou e demanda adaptação das políticas econômicas.

— O Brasil não tinha sofrido as consequências da crise internacional, mas agora ela chegou aqui. Acertamos no momento que a economia globalizada estava dando errado. Temos que ajustar agora para esse momento difícil que estamos atravessando. O PT entende, sim, que a política econômica tem que ser mudada — disse.

Lista de problemas

Para Cássio Cunha Lima, os próximos tempos serão difíceis para o Brasil. O líder tucano elenca uma série de problemas que já estão em curso ou são iminentes, em sua análise, e indica que a origem deles é a má condução da economia pelo Planalto.

— A previsão que todos estão fazendo é que em 2015 haverá recuo do PIB próximo de 2% com inflação na casa dos dois dígitos. Para os mais pobres, a inflação já passou dos 10%. Aumentou o desemprego, o poder de compra do trabalhador está diminuindo. As pessoas estão pagando mais energia, mais impostos, cresceu o preço da gasolina... Isso é fruto do descontrole das contas públicas praticado pelo governo.

Para Cássio, o caminho da recuperação começaria por atitudes simbólicas do próprio governo, além de uma mudança de discurso. Ele, porém, não vê indícios de que isso possa acontecer.

— A presidente precisa dar o exemplo cortando na própria carne: diminuindo o número de ministérios, o número de cargos comissionados e o tamanho da máquina pública e, sobretudo, acabando com a roubalheira. Mas em vez de ter postura de humildade, e pedir desculpas ao Brasil, o governo insiste em zombar da inteligência das pessoas tentando apresentar uma realidade que não existe —  disse ele.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)