Serra critica economia brasileira e traça histórico da crise

Da Redação | 04/03/2015, 20h13

O senador José Serra (PSDB-SP) avaliou negativamente a política econômica do país. Em sua opinião, a economia brasileira está “de joelhos” diante do mundo, e o país sofre de forma “angustiante” a diferença entre as previsões do governo e os acontecimentos. José Serra declarou nunca ter visto o Brasil atravessar uma crise tão acentuada e de tão difícil solução, situação que atribuiu principalmente a falhas na condução da economia na última década e meia.

Origem da Crise

De acordo com Serra, a crise da economia brasileira é fruto do segundo período do governo Lula. O senador explicou que a gestão do ex-presidente, apesar de contar com um boom do comercio exterior e com a entrada de capital estrangeiro, foi marcada por um consumo que substituiu a produção doméstica e deu um “golpe de morte na industrialização brasileira”.

— O Brasil se desindustrializou sob o ímpeto dessa política, paradoxalmente, comandada, não digo nem que conscientemente, por um ex-operário industrial, que comandou a desindustrialização brasileira — disse.

Serra explicou que, no mesmo período, o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, que é a conta do Brasil com o exterior, começou a crescer rapidamente. O senador também citou o aumento da carga tributária, o aumento do gasto público e o aumento da rigidez fiscal como medidas negativas que marcaram a política econômica brasileira até 2010.

Infraestrutura

José Serra afirmou que, na época, o Brasil era um dos cinco países do mundo que menos investiam em infraestrutura. Ele frisou que o investimento é essencial para poder atrair parceria privada, diminuir o custo Brasil e gerar crescimento e aumento de produtividade no país.

O senador disse que o investimento em infraestrutura no governo Dilma continuou "lá embaixo" e lamentou o fato de a presidente ter continuado a seguir os mesmo erros cometidos por Lula em “um reino de inépcia administrativa como nunca houve no Brasil”.

Governo Dilma

Serra afirmou que o governo Dilma, na questão econômica, aumentou o endividamento da Petrobras e forçou o aprofundamento dos desequilíbrios que recebeu, o que, em seu ponto de vista, aumenta o descrédito do governo diante do povo e dos investidores.

— Nós temos hoje pela frente, neste ano, estagnação, desemprego, queda de salários, inflação teimosa, aperto externo e juros siderais. Em cima disso, quer-se aumentar os juros, cortar gastos, eliminar benefícios sociais, tudo em cima. O ajuste vai aprofundar o desajuste. Isso é uma questão de tempo — afirmou.

José Serra ponderou que a ideia de que ajuste traz desenvolvimento é um engano. Para ele, o ajuste é um período transitório, que deve conter, nas medidas que o acompanham, propostas de longo prazo.

Outros erros

José Serra destacou ainda três atitudes do governo petista que ele classificou como“alucinações”: o projeto, sem demanda, do trem bala, para ir de São Paulo ao Rio de Janeiro; o desequilíbrio  no setor elétrico e a tentativa de um plebiscito sobre reforma política que, segundo ele, aumentou o descrédito da presidente.

— O povo nas ruas, a presidente vai à televisão e propõe um plebiscito para a reforma política, inclusive sem especificar o que era direito. Pode não se ter percebido, mas isso contribui de maneira decisiva, para a população desenvolver descrédito a quem está no comando — disse.

O senador ainda criticou o governo Dilma em áreas como saúde, educação e no combate às drogas.

Apartes

Dezenas de senadores se manifestaram parabenizando o pronunciamento de José Serra. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) afirmou que o Senado carecia da qualificação das informações expostas pelo senador e concordou que a crise da desindustrialização vivenciada no país é resultado de opções políticas e econômicas equivocadas.

O senador José Agripino (DEM-RN), classificou como “críveis e corajosos” os argumentos expostos por José Serra. Para o senador, a revisão nas tarifas de energia vai ser um componente a mais para alimentar a recessão.

Já Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) chamou o ajuste feito pela presidente Dilma Rousseff de “neoliberal rasteiro” porque não vem conectado com medidas de política econômica e reformulações na política comercial.  Por esse motivo, segundo o senador, o governo continuará encontrado dificuldade de aprovar as medidas de ajuste fiscal.

— Ajuste fiscal pura e simplesmente sem nenhuma perspectiva do que fazer em seguida ou do que fazer concomitantemente, um ajuste fiscal em que a política fiscal vai de um lado e a política monetária vai de outro não fica de pé,  não se sustenta economicamente e não se sustenta politicamente.

Para Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), a equipe econômica do governo precisa ter a sensibilidade de ouvir a contribuição de Serra no que diz respeito à economia, embora ele seja um opositor na política.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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