Paim reforça pedido a caminhoneiros para que suspendam paralisação

Da Redação | 27/02/2015, 13h07

O senador Paulo Paim (PT-RS) pediu novamente, em pronunciamento nesta sexta-feira (27), que os caminhoneiros suspendam a paralisação imediatamente e esperem até 10 de março, quando, acredita, haverá um acordo com o governo.

O senador informou que tem conversado com os líderes do movimento e com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, e disse acreditar na possibilidade de um acordo, embora não ideal, mas que representará um avanço para a categoria.

—  Depois de dialogar muito com o ministro Miguel Rossetto, o que fiz ontem e hoje pela manhã, tínhamos avançado no acordo. Não é o ideal, porque todos nós sabemos que, quando se entra num movimento, não se vai levar tudo, principalmente num primeiro momento. Mas avançamos. A outra reunião ficou marcada para o dia 10, quando será consolidado o que foi acertado, para que avancemos um pouco mais. Caminhoneiros e líderes de todo o país estão convidados — disse Paim.

De acordo com Paim, a negociação envolvendo governo e caminhoneiros chegou a uma acordo nos seguintes pontos: sanção, sem veto, do Estatuto do Caminhoneiro; carência de 12 meses nos contratos de financiamento de caminhão; e eixo suspenso livre da cobrança do pedágio.

Paim lembrou que os caminhoneiros querem que o valor do frete seja reajustado se o preço do diesel tiver um grande aumento após os seis meses sem reajuste. Para o senador, a reivindicação é justa.

O senador, que foi indicado para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), assumiu o compromisso de continuar o diálogo com o governo e de realizar, entre as primeiras audiências públicas da comissão, uma sobre a situação dos caminhoneiros.

— Porque é fato e é real: os caminhoneiros parando, o país para, mas para mesmo. Não vai ter combustível para o ônibus andar, não vai ter combustível para os carros andarem, vai começar a faltar alimentação, vai faltar pão, vai faltar água, vai faltar luz, vai faltar tudo — alertou.

Reforma Política

Em seu pronunciamento, Paim também abordou questões que defende na reforma política, como o voto facultativo, o fim do financiamento privado de campanha e o mandato de cinco anos sem reeleição para todos os cargos.

Ele se manifestou a favor do pleito das bancadas femininas da Câmara e do Senado de instituição de cota de 30% das cadeiras do Congresso e de destinação de 30% dos recursos do Fundo Partidário para mulheres.

— O que percebo, sem dúvida, é que há uma vontade da população brasileira em aumentar a representatividade das mulheres na política — disse.

O senador defendeu ainda o financiamento público de campanha. Para ele, o político que faz campanha com apoio econômico de grandes grupos privados está “vendendo a alma ao diabo”.

Paim também acredita que o mandato de todos os cargos com eleição majoritária deve ser de cinco anos, sem reeleição para os cargos do Executivo. O parlamentar é favorável ao voto facultativo, pois, como argumentou, assim como acontece nos países democráticos desenvolvidos, o povo não deve ser obrigado a votar.

— Ninguém deve ser obrigado a votar. Nós temos que conquistar o eleitor. Na verdade, se faz ao brasileiro uma ameaça — afirmou.

Sobre o sistema eleitoral e político, Paim defendeu o voto distrital misto nas eleições aos cargos do Legislativo. Esse modelo é uma combinação do voto proporcional e do voto majoritário. Nele, os eleitores têm direito a dois votos: um para candidatos no distrito e outro para as legendas (partidos).

— Vejo duas vantagens: ele aproxima o eleitor de seus representantes e fortalece lá na base os partidos. Os políticos têm que ouvir e prestar conta mais amiúde a seus representados, que podem fiscalizá-los melhor pela sua proximidade — afirmou.

Paim defendeu também que os suplentes de senadores sejam os candidatos ao cargo com a segunda e a terceira maior votação. O parlamentar afirmou ser importante ainda uma política de inclusão do negro na nova legislação eleitoral.

— Se pegarmos o número de parlamentares, não se chega a 1% [de negros], enquanto que a população negra é mais de 50% [da população do país]. Isso é um legado maldito da escravidão, que nós temos o dever de mudar — disse.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)